quinta-feira, 4 de março de 2010

Da série poemas favoritos

De Cruz e Souza

Acrobata da Dor

Gargalha, ri, num riso de tormenta,
como um palhaço, que desengonçado,
nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
de uma ironia e de uma dor violenta.

Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
agita os guizos, e convulsionado
salta, gavroche, salta clown, varado
pelo estertor dessa agonia lenta ...

Pedem-se bis e um bis não se despreza!
Vamos! retesa os músculos, retesa
nessas macabras piruetas d'aço...

E embora caias sobre o chão, fremente,
afogado em teu sangue estuoso e quente,
ri! Coração, tristíssimo palhaço.

5 comentários:

  1. Lindo poema! Pena que não são só os palhaços que devem rir e fazer graça quando está tudo uma droga. Mas, melhor assim. Ou não.

    Abraços.

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  2. Angel, tenho esse poema gravado pelo Paulo Autran em um cd em que ele declama 400 anos de poesia brasileira. De vez em quando, coloco no carro e choro, um choro bom, pelas ruas da cidade de tanta emoção.

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  3. Totalmente compreensível que seja da séries poemas favoritos...muuuito bom!

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