o mundo era nosso:
meus pais, reunidos
cada um ao meu lado
diante da mesa posta.
Os convidados
todos me olhando.
O bolo,
a cobertura
e a alegria ao redor.
Mas eis que,
arauto da maldade,
um menino franzino
desses que matam formigas
com pura maldade,
denunciou:
--- Não tem cereja! Não tem cereja! Não tem cereja!
A reunião,
perfeita e simétrica,
de pais reconciliados
ao lado do filho,
fino cristal que se parte.
A festa descansa na minha lembrança
manchada pela voz
implacável da morte
rachando a inteireza das coisas
que amei.
[foto roubada daqui]
Sempre tem um invejoso estraga prazeres para roubar uma parte da nossa alegria. Se sou a mãe desse arauto, dava nele uma sova bem grande para aprender a respeitar a felicidade alheia que, como dizia a minha querida madrinha, é de que pequenino que se torce o penino, no caso, a cereja. Gostei muito, Eliana!
ResponderExcluirGostei muito da redação e do tempo das coisas. Neste caso não se pode dizer que "nada mais dos momentos resta, seja da festa ou do sol..." Mas restou a taquara rachada, lá no fundo do baú, a lembrar-te que o ideal não existe e, mais, se tão fundo tocou, se lá permaneceu por tantos anos é pq a cereja não estava simplesmente ausente, ela estava fazendo falta.
ResponderExcluirBípede,
ResponderExcluiradorei o humor...
Acho que as vezes estes "malvados" ficam malvador por falta de uns psicotapas mesmo...
Beijocas!
Tarde
ResponderExcluirsempre leio com vagar seus comentários (e você é gentil e cuidados com todos nós) e admiro seu jeito de apoiar nossa escrita, nossa presença aqui!
Um bom dia!