quinta-feira, 31 de março de 2011

quarta-feira, 30 de março de 2011

Definições definitivas...


A prosperidade de alguns homens públicos de Portugal é uma prova evidente de que eles vêm lutando pelo progresso do nosso subdesenvolvimento.

Da arte das nuvens V



                  Ante a sua presença, os olhos acariciam nuvens, e as memórias guardam os pedaços de um céu construído a partir de seu voo, dos ramos que perfumam com novas letras os seus suspiros, íntimos afagos da luz que se deixa escorrer feito cor, feito mãos pelos contornos da terra e feito o seu amor ternamente desobediente.



Maria Gadú

FUNDAÇÃO ROTÁRIA PORTUGUESA

Este concurso é para os países de Língua Portuguesa. Ano passado o prêmio foi para um BRASILEIRO. Caso haja interesse:
É Prorrogado o prazo referente ao assunto em epìgrafe, conforme decisão do C.A. da FRP de 19 de Março de 2011:
ASSIM:
- Data limite das inscrições, passa de 15 de Março para 30 de Abril de 2011.
- Data limite da entrega dos trabalhos, passa de 30 de Abril para 30 de Maio de 2011.
- Data limite da devolução dos trabalhos, passa de 29 de Maio para 30 de Junho de 2011.
3º BOLSA NTERNACIONAL DE POESIA OU PROSA
FUNDAÇÃO ROTÁRIA PORTUGUESA (FRP)
Preâmbulo
A FUNDAÇÃO ROTÁRIA PORTUGUESA, desejando promover, divulgar e apoiar a criatividade
e o empreendorismo intelectual dos jovens Estudantes portugueses institui a 3º BOLSA
INTERNACIONAL DE POESIA OU PROSA FUNDAÇÃO ROTÁRIA PORTUGUESA (FRP),
pelo que se cria o presente Regulamento que se regerá pelas seguintes Cláusulas:
CLÁUSULA PRIMEIRA
Organização
A 3ª BOLSA INTERNACIONAL DE POESIA OU PROSA FUNDAÇÃO ROTÁRIA
PORTUGUESA (FRP) é dirigido e organizado pela Fundação Rotária Portuguesa, com sede na Rua João Machado, n.º 100, 3º andar, Salas 303-304, em Coimbra.
CLÁUSULA SEGUNDA
Destinatários
A Bolsa destina-se a Jovens Estudantes de Língua Oficial Portuguesa com idade compreendida entre os 18 e os 30 anos de idade.
CLÁUSULA TERCEIRA
Tema
A Bolsa destina-se a premiar os melhores trabalhos originais, sendo que o conteúdo temático dos trabalhos é livre.
CLÁUSULA QUARTA
Condições de Inscrição e de admissibilidade
O presente Concurso encontra-se sujeito às seguintes condições de inscrição e de admissibilidade:
a) O formulário de inscrição no concurso, anexo a este regulamento, deverá ser preenchido de acordo com os campos definidos, ficando a validação da inscrição condicionada, se necessário, à confirmação dos dados fornecidos;
b) As inscrições deverão ser efectuadas até ao dia 15 do mês de Março do Ano de 2011, não sendo aceites quaisquer inscrições recebidas após essa data;
c) Os trabalhos concorrentes devem ter um mínimo de 1 e um máximo de 20 páginas, no formato A4, dactilografadas a dois espaços, em letra “Times New Roman”, tamanho 12.;
d) Cada candidato (a) poderá concorrer com o máximo de um original;
CLÁUSULA QUINTA
Local e prazo de entrega
1.Os originais concorrentes devem ser enviados em quatro exemplares, agrafados ou presos por qualquer outro meio similar, assinados com pseudónimo, enviando um subscrito com a indicação da morada, até ao dia 30-04-2011’, para a sede da Fundação Rotária Portuguesa, sedeada na Rua João Machado, n.º 100, 3º andar, Salas 303-304, em Coimbra, com a indicação de “ 3º BOLSA INTERNACIONAL DE POESIA OU PROSA FUNDAÇÃO ROTÁRIA
PORTUGUESA (FRP)”.
2. Os elementos de identificação dos candidatos (nome, idade, morada, e-mail e telefone), devem ser enviados em sobrescrito lacrado, a acompanhar os quatro exemplares da obra concorrente, indicando, no exterior do mesmo, o título da obra e o pseudónimo utilizado pelo concorrente.
3. Só serão abertos os envelopes contendo a identificação dos concorrentes vencedores, mantendo-se os restantes anexados aos trabalhos respectivos.
4. Os trabalhos não premiados, bem como os envelopes contendo a identificação dos respectivos concorrentes, poderão ser levantados na sede da Fundação Rotária Portuguesa até ao dia – 29 Maio de 2011, procedendo-se à sua destruição após essa data.
CLÁUSULA SEXTA
Júri
1.O júri será constituído por três personalidades indicadas pela FRP, de reconhecida idoneidade intelectual e literária, designado pela organização do Prémio.
2.As deliberações do júri são definitivas, não sendo admissível qualquer tipo de recurso.
3.Os resultados serão publicados no site da FRP e comunicados aos concorrentes, por carta.
CLÁUSULA SÉTIMA
Periodicidade e valor do Prémio
A atribuição da 3º BOLSA INTERNACIONAL DE POESIA OU PROSA FUNDAÇÃO ROTÁRIA
PORTUGUESA (FRP) com o patrocínio da JUNTA DE FREGUESIA DE SÂO JORGE DE ARROIOS será anual e o valor pecuniário a atribuir aos três trabalhos melhor classificados será de:
ı 1º Classificado - € 2.500,00 (dois mil e quinhentos euros);
ı 2º Classificado - € 1.500,00 (mil e quinhentos euros);
ı 3º Classificado - € 1.000,00 (mil euros)
CLÁUSULA OITAVA
Selecção dos trabalhos
Os trabalhos serão seleccionados e avaliados, entre outros critérios a determinar pelo júri, segundo a sua originalidade e qualidade criativa.
CLÁUSULA NONA
Utilização dos Trabalhos
1.Os Autores dos trabalhos cedem os Direitos Morais de Autor e os Direitos Patrimoniais qualquer que sejam a natureza dos mesmos, não sendo devida aos autores qualquer outra contrapartida para além do prémio pecuniário atribuído.
2.A FRP patrocinará a publicação de um livro ou catálogo de onde constarão os trabalhos vencedores, bem como os seus autores, não sendo devida qualquer contrapartida pecuniária ou de outra natureza aos autores pela inclusão das obras no livro e/ou catálogo a editar podendo, ainda, a FRP fazer a divulgação do livro e/ou catálogo no seu site, no seu boletim ou no Jornal Nacional do Rotary, em Portugal.
CLÁUSULA DÉCIMA
Entrega dos Prémios
Os prémios atribuídos aos três trabalhos melhores classificados serão entregues aos respectivos autores em data e local a indicar pela Fundação Rotária Portuguesa, com a presença do Rotary Club Lisboa-Centro e Junta de Freguesia de São Jorge de Arroios.
CLÁUSULA DÉCIMA PRIMEIRA
Disposições finais
Todas as candidaturas pressupõem a aceitação total e sem reservas das regras estabelecidas no presente regulamento ou em quaisquer documentos emitidos pela organização.
CLÁUSULA DÉCIMA SEGUNDA
Lei e Foro aplicáveis
A presente Bolsa e ao presente regulamento aplica-se a lei portuguesa, sendo o foro da comarca de Coimbra o competente para dirimir qualquer litígio relativo aos mesmos.
Apoio do Rotary Club Lisboa-Centro
e Patrocínio da

Junta de Freguesia de São Jorge de Arroios
CIRCULAR
A Fundação Rotária Portuguesa com a colaboração do Rotary Clube de Lisboa-Centro e com o patrocínio da Junta de Freguesia de São Jorge de Arroios vai promover a III Bolsa Internacional de Poesia ou Prosa, com a finalidade de divulgar e apoiar a criatividade e o empreendorismo intelectual dos jovens de Língua Portuguesa.
Assim, vimos com a presente solicitar a vossa colaboração no sentido de divulgar o Concurso junto dos Estudantes.
Para conhecimento dos concorrentes, juntamos o regulamento do concurso, as condições de candidatura e o prazo para entrega dos trabalhos, assim como, o formalismo da inscrição. Grato pela atenção que se dignarem dispensar, com cumprimentos
O Presidente do Conselho de Administração
Frederico Nascimento
Para qualquer esclarecimento contactar o Rotary Clube de Lisboa-Centro
Manuela Pinto Ribeiro 917328186
manuelapintoribeiro@hotmail.com
FICHA DE INSCRIÇÃO
PSEUDÓNIMO: ___________________________________________________________________________
NOME: ___________________________________________________________________________________

MORADA:_________________________________________________________________________________

CÓDIGO POSTAL: ________ ______ ________________________________________________________

DATA NASCIMENTO: _____/______/_____ PAÍS ______________________________________________

BILHETE DE IDENTIDADE Nº______________________ NIF Nº _________________________________

Nº TELEMÓVEL: _______________ e-mail:____________________________________________________

TÍTULO DA OBRA:
____________________________________________________________________

POESIA [    ] Sim                                                  PROSA [    ] Sim

DECLARAÇÃO DO CONCORRENTE:
Declaro que conheço e aceito o Regulamento deste Prémio criado pela Fundação Rotária Portuguesa
Data Assinatura
____de_________________________de2011
_____________________________________________
RECEPÇÃO DAS OBRAS
Nº _______________
Recebemos as obras referidas nesta ficha e os seguintes documentos anexos:
CURRICULUM: [   ] Sim      [   ] Não       Nº Exemplares recebidos: _____

Data Pela F.R.P.

____de_________________________de 2011 _____________________________________________
Com amor e carinho,
Sílvia

Um dia volta pra você - WWF Brasil

segunda-feira, 28 de março de 2011

Da série nuvens



                   Guarda nuvens para amaciar a cama e provocar o repouso. Guarda nuvens para que os lençóis sejam brancos e agitem-se feito a bandeira de um terceiro hemisfério, sem sul ou norte, num balanço de homens, num balanço de bússolas, na soma dos copos e dos goles das águas e das terras lavradas com felicidades.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Desencontrários


Mandei a palavra rimar,
ela não me obedeceu.
Falou em mar, em céu, em rosa,
em grego, em silêncio, em prosa.
Parecia fora de si,
a sílaba silenciosa.


Mandei a frase sonhar,
e ela foi num labirinto.
Fazer poesia, eu sinto, apenas isso.
Dar ordens a um exército,
para conquistar um império extinto.


Paulo Leminski, Curitiba (PR) - 1944-1989

quarta-feira, 23 de março de 2011

"A civilização ficou cega frente à Natureza"

Haiti

Os recentes terremotos no Haiti e no Chile trouxeram mais uma vez ao noticiário global perguntas perplexas sobre o que estaria acontecendo com a natureza. Desde o final do século XX, sentimentos catastrofistas tornaram-se mercadoria comum nos meios de comunicação e na indústria de entretenimento, especialmente no cinema. Mas estará, de fato, ocorrendo algo incomum? Na avaliação do geólogo Rualdo Menegat, professor do Departamento de Paleontologia e Estratigrafia do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), o único fenômeno novo que esses terremotos estão mostrando é a progressiva cegueira da civilização humana contemporânea em relação à natureza. Ele alerta que a humanidade está bordejando todos os limites perigosos do planeta Terra e se aproxima cada vez mais de áreas de riscos, como bordas de vulcões e regiões altamente sísmicas. “Estamos ocupando locais que, há 50 anos atrás, não ocupávamos. Como as nossas cidades estão ficando gigantes e cegas, elas não enxergam o tamanho do precipício, a proporção do perigo desses locais que elas ocupam”.

Em entrevista à Adverso, Menegat relata sua vivência de um terremoto no Peru e critica as sociedades contemporâneas que não conseguem manter memórias dos fenômenos naturais, como mantinham os povos míticos, que eram capazes disso, justamente por causa do mito. “O nosso sistema cultural, por dar as costas tão violentamente à natureza, está sofrendo enormemente. Essa civilização excessivamente urbana que esquece do meio ambiente está sofrendo e tem gente que chama isso de “vingança da natureza”. Mas o universo não é um ser animado que se vinga. O que ocorre é uma falência cultural da civilização que, por ser muito grande, tornou-se autônoma em relação à natureza, ou melhor, tornou-se cega à ela”. E a mídia, adverte o geólogo, contribui enormemente para isso, ao espetacularizar essas tragédias naturais.


Por: Marco Aurélio Weissheimer

Adverso- Qual sua avaliação sobre a percepção que a população tem hoje de fenômenos como os terremotos do Haiti e do Chile a partir da cobertura que os meios de comunicação fazem sobre esses acontecimentos?

Rualdo Menegat - Há três coisas aí que precisamos reconhecer. A primeira é que a vida urbana contemporânea está tão absorvente - faz com que as pessoas fiquem tão ligadas em suas rotinas - que parece que nada pode atrapalhar esse modo de existência. Mas, felizmente, ainda temos natureza. Há um universo aí fora, que requer atenção humana, pois é em relação a ele que podemos ou não construir o processo civilizatório. Quem determina essas possibilidades civilizatórias ainda são os processos dinâmicos da Terra. Vivendo em um mundo absorvido pela máquina urbana, nós pensamos que somos absolutamente autônomos em relação à natureza. Não somos.
A segunda questão diz respeito ao trabalho da imprensa, que torna os fenômenos naturais que afligem a humanidade em espetáculos. Ela espetaculariza essas tragédias de uma maneira que não ajuda as pessoas entenderem que há uma manifestação das forças naturais aí e que nós precisamos saber nos precaver. Isso é o que chamamos de civilização: a forma de ocupar uma determinada região da Terra de modo que seja possível garantir proteção, alimentos, segurança e longevidade a um grupo humano. A maneira como a grande imprensa trata estes acontecimentos (como vulcões, terremotos e enchentes), ao invés de provocar uma reflexão sobre o nosso lugar na natureza, traz apenas as imagens de algo que veio interromper o que não poderia ser interrompido, a saber, a nossa rotina urbana. Essa percepção de que nosso dia a dia não pode ser interrompido pelas manifestação das forças naturais está ligada à ideia de que somos sobrenaturais, de que estamos para além da natureza.
A terceira e importante questão é que, de fato, estamos diante de uma humanidade gigantesca. Isso é algo muito difícil para nossa percepção cotidiana. Estamos falando de 6 bilhões e 700 milhões de habitantes, dos quais mais da metade, cerca de 3,7 bilhões, vive em cidades. Essas urbes que nos capturam e nos deixam absorvidos por seus afazeres e rotinas. Uma população com tais dimensões, espalhada sobre a superfície do globo, leva a uma situação inédita em termos humanos: para cada movimento da dinâmica natural do planeta temos um impacto em termos de vidas e de recursos materiais e também uma informação imediata.
Isso aumenta a percepção da tragédia como algo assustador. A humanidade gigantesca já está bordejando todos os limites perigosos do planeta Terra. Estamos na borda dos grandes vulcões, na borda das placas tectônicas. Estamos ocupando locais que, há 50 anos atrás, não ocupávamos. Como as nossas cidades estão ficando muito gigantes e as pessoas estão cegas, elas não se dão conta do tamanho do precipício e do tamanho do perigo desses locais onde estão instaladas. Isso faz também com que tenhamos uma visão dessas catástrofes como algo surpreendente. Então, um terremoto no Haiti é recebido como um imprevisto quando todos nós sabemos, pelos estudos geológicos e pelos mapas que já estão prontos, que se trata de uma zona de alto risco sísmico.
Temos vários exemplos disso. A missão do Exército brasileiro no Haiti e uma missão da ONU deram sinais de que não sabiam desse risco. Um soldado relatou que ao mesmo tempo em que fotografava uma igreja que caía por causa do tremor, não sabia o que estava acontecendo. Isso indica que a missão da ONU não tinha conhecimento do terreno, do caráter físico do local para onde foi enviada. E mostra o quão pouco a humanidade está se importando com as questões da natureza. E, neste contexto, o terremoto, a catástrofe, acaba sendo uma surpresa. Bem, o Haiti era a crônica de uma morte anunciada. E, lamentavelmente, uma tragédia deste tipo afeta com muito mais gravidade os pobres. Então, toda essa cegueira humana perante a natureza e a dinâmica da Terra tem uma consequência muito mais grave, pois implica que nem todos sofram da mesma maneira.
Os pobres são os maiores afetados pela cegueira urbana. Isso precisa ser visto em várias medidas. Tivemos uma dimensão sem precedentes como a do Haiti, com mais de 230 mil mortos, quase todos pobres, e uma situação como a de Niterói, no Rio de Janeiro. Nas catástrofes brasileiras quem padece também são os menos privilegiados. As classes média e alta estão, em geral, melhor posicionadas no terreno desta mega-cidade global. Se olharmos um mapa do globo feito com a ajuda de satélites, só pelas luzes das cidades temos um mapeamento das bordas dos continentes, que são bordas de placas tectônicas. Vemos o quanto a humanidade está alastrada até os limites máximos dos grandes perigos da dinâmica terrestre.


Adverso- De um modo metafórico, poderíamos lembrar daquela imagem que os antigos tinham de uma Terra plana e cujos mares acabariam em um abismo. Havia uma noção de limite nesta idéia, que a humanidade parece ter perdido...

Rualdo Menegat - Sim. Embora a imagem estivesse errada na sua forma, ela estava correta no seu conteúdo. Nós temos limites evidentes de ocupação no planeta Terra. Não podemos ocupar o fundo dos mares, não podemos ocupar arcos vulcânicos, não podemos ocupar de forma intensiva bordas de placas tectônicas ativas, como o Japão, o Chile, toda borda andina, a borda do oeste americano, como Anatólia, na Turquia...

Adverso- A impressão que se tem é que o ser humano, na verdade, não quer enxergar...

Rualdo Menegat - Estamos vivendo um processo perigoso de cegueira cultural urbana no mundo contemporâneo. Neste contexto, a catástrofe aparece como espetáculo, como surpresa, e nós, cidadãos, ficamos reféns deste jogo que a grande mídia nos oferece. Ao fazer isso, ela se recusa a ser um instrumento de culturalização, que ajude a sociedade a entender e se preparar para enfrentar esses fenômenos.
Eu tive uma rica vivência neste sentido na belíssima cidade peruana de Arequipa, uma cidade organizada toda em xadrez, com edificações históricas feitas em blocos de rocha vulcânica branca. Devido ao centro de Arequipa ser tão bonito, a cidade foi crescendo olhando para esse centro. E esse crescimento se deu da região central para trás, para as bordas do local. Nos últimos 40 anos, ela cresceu tanto que foi empurrada para a saia do vulcão que emoldura sua paisagem. Arequipa tem hoje 800 mil habitantes e foi empurrada para a saia de um vulcão!
Eu vivi uma experiência de terremoto em Arequipa, onde estava fazendo a pesquisa de meu doutorado, um terremoto de 6,8 pontos na escala Richter e que abalou a cidade. Como um dos poucos geólogos na cidade, fui convocado pelas autoridades para participar do Comitê de Defesa Civil que agiu após o tremor. Pude constatar diretamente a consequência do nosso despreparo cultural para enfrentar esse tipo de problema. A Defesa Civil era desorganizada e parecia não esperar nunca um terremoto. A população também não contava que a Defesa Civil fosse a campo e não respondeu a esse trabalho. Ir a campo, neste caso, significa vistoriar as habitações e edificações. Nós fomos realizar este serviço e encontramos as portas todas as trancadas, com as pessoas com medo de ter que abandonar suas casas e pertences. Isso, é claro, aumenta as chances da tragédia crescer. Nós temíamos novos abalos, o que, de fato, aconteceu. Felizmente foram de magnitudes menores e não causaram grandes danos.
Isso é a cegueira urbana. Todas as cidades contemporâneas estão na mesma situação. Se os cidadãos de Arequipa quisessem falar de Porto Alegre poderiam dizer que nós, portoalegrenses, também temos a mesma cegueira. Nós conseguimos infestar um importante corpo de água que é o Guaíba. Emporcalhamos a água que usamos para beber. Isso não é cegueira? Que ser vivo no planeta polui a própria água que bebe? E podemos falar a mesma coisa de cidades como São Paulo, Paris, Londres e tantas outras.

Adverso- Na sua opinião, existe alguma possibilidade da humanidade resgatar a consciência necessária para se viver em paz com a natureza?

Rualdo Menegat - Claro, para isso é preciso educação, é preciso uma culturalização nesse sentido. Precisamos tornar a natureza algo presente na vida humana. Temos como cultura sempre o dogma tecnológico, acreditando que a tecnologia nos salvará. Algumas pessoas poderiam perguntar: mas nós não temos tecnologia para prever esses terremotos? Não, não temos. Não temos tecnologia para tudo. Além disso, conhecer a Terra e a natureza não é uma prioridade cultural. A prioridade tem sido gastar milhões de dólares acelerando uma partícula subatômica em Genebra. Essa é, no momento, a prioridade cultural da nossa civilização. Faltarão milhões de dólares para fazer as pesquisas sobre terremotos. É uma civilização que não aposta no conhecimento da Terra, de sua paisagem, de sua região. Nós, portoalegrenses, não estamos interessados em conhecer o local onde vivemos. E isso não é um traço terceiromundista. Se vamos para Nova York é a mesma coisa.
Elizabeth Taylor: 1932-2011

Excessiva em tudo, era única. Sobre si mesma: «I’m like a living example of what people can go through and survive. I’m not like anyone. I’m me.»

segunda-feira, 21 de março de 2011

Como é que se escreve Kadafi?


Impressionante, já li Momar Kadafi, Muammar Qaddafi, Muammar Gadhafi, Moamar Gaddafi, Moammar Kadhafi.

Na wikipédia (primeira fonte de pesquisa) encontrei Muammar Gaddafi que, em árabe, se escreve assim:معمر القذافيMuʿammar al-Qaḏḏāfī

A dúvida não é apenas na lingua portuguesa. Leio na mesma wikipédia o seguinte:

Muammar Gaddafi" is the spelling used by TIME magazine, BBC News, the majority of the British press and by the English service of Al-Jazeera.[195] The Associated Press, MSNBC, CNN, and Fox News use "Moammar Gadhafi". The Library of Congress uses "Qaddafi, Muammar" as the primary name. The Edinburgh Middle East Report uses "Mu'ammar Qaddafi" and the U.S. Department of State uses "Mu'ammar Al-Qadhafi", although the White House chooses to use "Muammar el-Qaddafi".[196] The Xinhua News Agency uses "Muammar Khaddafi" in its English reports.[197] The New York Times uses "Muammar el-Qaddafi". The Chicago Tribune and the Los Angeles Times of Tribune Company use "Moammar Kadafi".[198][199

sábado, 19 de março de 2011

Fragmentos


Pinto as cores do mundo num plano inclinado
do pensamento angustiado do meu Consciente.
Solto as palavras ao vento e estas misturam-se
formando a música que ouço consciente;
Mas estou em silêncio!
Quebro o silêncio lendo uma poesia
e a letra da poesia é a música que toca no meu consciente.
Quero gritar,
mas só atinjo aos murmúrios e lamentos guturais dos meus pensamentos.
Lanço-me ao vento para ser conjugado e este me sopra em pó,
em poeiras distraídas pelo universo.
E uma velha vestida em um negrume esvoaçante vestido velho me varre, me varre, me varrrrrrr...

Alexandre Pedro

***Este poema tem seus DIREITOS AUTORAIS registrados na Biblioteca Nacional. Reprodução somente possível com pré autorização do autor, Alexandre N. Pedro.
http://www.bn.br/portal/index.jsp?plugin=FbnBuscaEDA&radio=CpfCnpj&codPer=15918944842

sexta-feira, 18 de março de 2011

Valsa com Bashir



Em 1982, o Libano (um país eternamente dividido) estava em guerra civil, entre cristãos (falangistas) e muçulmanos. Israel invadiu território libanês apoiando a milícia falangista. Naquele mesmo ano foi eleito presidente Bashir Gemayel, lider falangista, apoiado por Israel, que foi morto em 14 de setembro de 1982, aos 35 anos, em atentado de autoria muçulmana.

A retaliação falangista veio a seguir com o massacre de Sabra e Chatila, no sul de Beirute, que foi, na verdade, um genocídio, vitimando 3.500 refugiados palestinos e libaneses de origem muçulmana, em território ocupado pelas tropas israelenses.

Esse é o contexto desse interessante filme (documentário) de animação.: Valsa com Bashir, produção israelense, indicada ao Oscar de melhor filme estrangeiro, que conta a história real do próprio diretor, Ari Folman, soldado israelense na guerra do Libano de 1982, diante do massacre de Sabra e Chatila.

É certo que as tropas israelense não participaram do massacre, mas foram muito omissas no episódio, pois deixaram os falangistas invadir os assentamentos e cometer o genocídio.

Um belo filme triste que recomendo.

Definições definitivas...


Se há um trabalho difícil de ser feito, entregue-o a um preguiçoso.
Ele descobrirá a maneira mais fácil de fazê-lo.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Abandone esta faca

Então que lua afinal
Vai fazer com que a sua vida resplandeça
Essa mesma lua que ilusioriamente
Você viu chegar no mês passado
E que sem nenhum pudor
Tomou para si, e a emodulrou numa metáfora porca
E desleixada

Então, que mar afinal
Vai tornar sua alma andarilha
Mar,  exemplo máximo de luxúria na paisagem
Esse mar que pela superfície
Você julgou compreender
E sem nenhum pudor
Desenhou em quadros pueris
E rotineiros.

Então, que desperdício afinal
Esta sua vida
Sem ter um norte ao seu dispor
E apenas rumos já traçados
Por viajantes desastrados
E cheios de medo. 

quarta-feira, 16 de março de 2011

Definições definitivas...


As crianças são incríveis. Em geral, elas repetem palavra por
palavra aquilo que você não deveria ter dito.

Liquidação



          Feito uma borracha humana vai apagando uma a uma as palavras. Do silêncio à saliva, desgasta os registros e perpassa os seus significados, desencantando-os em uma liquidação repentina. Não sobra letra sobre letra mesmo que algumas insistam em derramar-se em exclamações, dor e pontos. Os contornos estão partidos. As memórias ganham liberdade na imensidão das linhas agora eternamente em branco, cartas brancas avessas a tintas e a secreções e incapazes de engendrar a compreensão da fadiga que as consome.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Amor Distante


Ah! Como eu quero viver o amor que um dia experimentei...
É um amor distante, mas muito presente;
É um amor lindo, muito lindo, mas eu ainda não o vi de perto;
É um amor forte, mas que nos torna sensíveis, simples e inocentes como crianças;
É um amor grande, mas que nos torna pequenos e desprovidos de desejos de grandeza;
É um amor de primavera, mas que está presente em todas as estações do ano;
É um amor atrevido, mas que sabe respeitar o coração amado;
É um amor que chora com a distância e uma possível separação, mesmo quando os corpos nunca estiveram juntos;
É um amor que traz paz em meio a tanta dor causada pela distância;
É um amor que encurta a distância e une dois corações em um só coração;
É um amor que dá esperança de encontro inesquecível;
É um amor que dá a certeza de nos pertencermos, mesmo quando as impossibilidades são reais;
É um amor que vivifica;
É assim! Isto é o nosso amor.


Castro Alves

Crônica de si



                           Ana, crônica de si, perdeu como quem aposta: crente de que iria ganhar. Foi para o jogo como se dominasse as regras, conhecesse as trapaças e, sobretudo, o adversário. Não levou um rosário, um santinha, um olho de deus. Não levou nem os próprios óculos. Nunca quis ver para crer. Nunca quis ver para criar. Depois de horas, decidiu ora manifestar ora colaborar. Rendeu-se. Diante da surpresa, demonstrou calma; diante da calma, surpresa e uma necessidade de fazer da vida a máxima rotina de sua percepção inutilmente apocalíptica.



domingo, 13 de março de 2011

Odete, traga meus mortos



Todo dia após o almoço, na hora do cafezinho, a senhora francesa pede a empregada:
- Odete, traga meus mortos!
A funcionária entra com a bandeja na mão e serve o café e entrega o jornal na parte do obituário, que a senhora lê com prazer, criticando as fotos, as frases, dizendo como deseja que seja divulgada sua morte e relembra pessoas, lugares, coisas que passaram durante os anos em sua vida.

A partir desse fato que vivenciei em Lion, pensei o projeto coreográfico Odete, traga meus mortos e junto a Lucas Valentim criei a coreografia vencedora do Prêmio Festival VivaDança 2010. Um espetáculo que foi sucesso ano passado e agora publicamos trechos do trabalho. Com trilha composta por SomdoRoque, especialmente para o trabalho. Imagens filmadas por Giltanei Amorim e editadas por Drica Rocha. Figurino de Nei Lima e luz de Davi Maia.

Foto de Alessandra Nohvais

António Zambujo - Lábios Que Beijei (S. Luis)

sábado, 12 de março de 2011

Mariza, Paulo Flores e Roberta Sá - De Braços Abertos

Aurea - Okay Alright - Official Video

AUREA - Busy (for me) - OFFICIAL VIDEO (HD)

Meu blog desapareceu

Meu blog desapareceu. Puff! Tento entrar no Bípede Falante e aparece uma mensagem dizendo que ele foi removido. Alguém sabe o que pode estar acontecendo????
A minha conta do bípedefalante também desapareceu :(
Será que eu ainda existo??

Transitivo


Me vejo refletido na areia,
Sou sol.
Vem a chuva,
Sou assombro.
Na areia jaz minha imagem,
Sou onda.
Em águas rasas,
desesperado me encontro
às margens.
A onda se foi pra imensidão
deixando apenas grãos de areia.
Levando consigo tudo e nada,
deixando partículas de alguém
que em vida
fui.

Alexandre Pedro

***Este poema tem seus DIREITOS AUTORAIS registrados na Biblioteca Nacional. Reprodução somente possível com pré autorização do autor, Alexandre N. Pedro.
http://www.bn.br/portal/index.jsp?plugin=FbnBuscaEDA&radio=CpfCnpj&codPer=15918944842

Definições definitivas...


Por que será que números errados nunca estão esgotados?

sexta-feira, 11 de março de 2011

Poesia Pouco Poética


Agora,
Neste momento,
Invicíveis...
Dominadores...
Seguros...
Confiantes...
Tudo ...
A lógica perfeita.


Num segundo....

O nada...
O vazio...
A nudez...
E o que era Tudo, evaporou-se...

Somos tão frágeis
Somos tão efémeros
Somos tão voláteis!

Num momento
Tudo!
Num segundo
Nada!

Quero
Num momento
Prender em meus braços
Tudo
Porque num segundo
O Tudo
Já não estará!

EME

( homenagem singela ao Japão no dia em que o inferno desceu à Terra)

Porque os Deuses Estão Loucos


Que coisa. Hoje de manhã assisti impressionado. Todo mundo assistiu impressionado. Comentaram que o abalo equivale a milhares de bombas de Hiroshima. Aquela massa compacta de carros, caminhões, barcos, aviões, casas, lixo, muito lixo se deslocando na direção da cidade, do campo, dos viadutos, das pontes, dos portos e aeroportos. Eles só podem estar loucos.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Alicia keys - A House is Not A Home

Em meus próprios pés




                                  Tropeçando às vezes em meus próprios pés, corro escadaria abaixo à procura dos envelopes que escapam de minhas mãos antes da minha caligrafia infantil despejar-se sobre eles e, como em um desenho de menina, corro sacudindo as tranças do meus cabelos agora curtos, podados pelo meu próprio desejo, por essa outra criatura que prefere usar o espelho para escovar os dentes a fazer dele um cenário irreal  e amassado de fragmentos sem memórias, cacos distantes de uma xícara de chá e da maciez incansável de meu cobertor  construído por  noites de palavras adentro.

Inviolável



                                           Alisa o linho, sente, sob os dedos a, textura, o impulso de estar na outra pele, pele artesanal e irresistível como a inspiração condensada em palavras, palavras que sabe sem usar os olhos ou os ouvidos, palavras que penetram feito uma língua a varrer ideias para dentro do corpo, o sistema desenhador de linhas, o tradutor das singularidades, e alisa o linho, distraída, como se fosse ele a paisagem e ela o movimento e a gramática da mente absorvida pela figura irregular e lúcida do inviolável livro de sua natureza.





terça-feira, 8 de março de 2011

Definições definitivas...


Toda partícula que voa sempre encontra um olho.

Migração

A encomenda chegou. Aos pulos, depois da caixa aberta, pude vê-las, espalhadas pelos cômodos. Eram tantas que quase faziam barulho. Gêmeas de si mesmas, em suas tatuagens duplicadas. Tão diversas que algumas nem existiam fora dos sonhos. Filhas de um deus artesão. Foram convidadas para fazer deste dia um relicário. Porque procuro jeitos de te agradar. Se faço um contorno ao seu redor, do dia que agora começou, instalo teu corpo no centro, ao trono, para receber as honrarias. Minhas companheiras começam o trabalho e voam. Suspendem a trajetória pontuando, mínimas, a orientação da dança. Peças de vidro, retalhos luminosos para tua vaidade. O dia, assim, multiplicado, milimétrico, são todas as maneiras que invento para ser tua. E elas partilham comigo o poder dos vôos.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Definições definitivas...


A probabilidade do pão cair com o lado da manteiga virado para
baixo é proporcional ao valor do carpete.

Ajuste Musical

Essa Propaganda, Por Acaso, É Racista?



A UNE - União Nacional dos Estudantes (do Brasil) está a dizer que essa propaganda é racista e está a reclamar através de petição pública.

E se a propaganda fosse com a Paris Hilton (que já foi censurada pela ditadura do politicamente correto porque rebolava demais numa propaganda da mesma cerveja Devassa, como se vê no vídeo abaixo) dizendo assim: "É pelo corpo que se reconhece a verdadeira branca."?, isso seria racismo? Os movimentos super preocupados com a ideologia do politicamente correto assinariam uma petição pública contra esse absurdo contra as brancas?



E as carolas? Está na hora das carolas se organizarem e protestarem contra a mesma Cerveja Devassa. É que a
mais carola das carolas, a cantora Sandy,  está a posar numa foto bebendo cerveja afirmando que todo mundo tem um lado devassa!!! Ora bolas,  Carolas do Mundo Inteiro Uni-vos contra a Devassa. Francamente.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Marga

O carnaval é a festa mais importante na Bahia, hoje já começam bandinhas de sopro na Barra e tudo só termina na quarta-feira de cinzas. Ops, esqueci que aqui não acaba nunca!

Gosto muito de carnaval, brinco sempre que posso e estou na cidade, já ganhei algumas vezes concurso de fantasia promovido por Margareth Menezes quando esta saía com o bloco Os Mascarados, de longe a melhor coisa que acontecia na festa momesca daqui dessas bandas.



Margareth é uma artista incrível, com uma voz inconfundível e uma força de palco inigualável. As vezes fala e faz umas besteirinhas que foram queimando a foto dela com seu público, mas quem não comete erros? O melhor de Marga é sua qualidade musical e respeito ao seu ofício, escolhendo anualmente um repertório rico e com refinamento, sem perder a alegria e sem deixar uma pessoa parada nem um segundo. Escolhi falar de Margareth aqui porque acho que a mídia e o público (guiado por essa) não dão o devido valor e reconhecimento que esta artista baiana e do carnaval merece. As músicas que escolhe para este período fazem muito sucesso, ficam na boca do povo e eternizadas sendo cantadas nos futuros carnavais. Não é estranho que nunca tenha ganho como música do carnaval? Aí já entramos em um outro assunto, muito mais pesado e triste do apartheid que vivemos na cidade d'Oxum!

Sem palhaços no salão


                           A criatura adora samba. A criatura adora marchinhas antigas. A criatura já se vestiu de colombina. A criatura não beijou o arlequim no meio da multidão. A criatura tem medo da multidão. A criatura acha a coisa mais linda do mundo uma fantasia. A criatura fica a coisa mais feia do mundo em uma fantasia. A criatura não vai nunca ao carnaval. A criatura até pensa em ir ao carnaval, mas a criatura gosta de carnaval é na voz da Dalva, só da Dalva e de mais ninguém.


Definições definitivas...


Sorria... amanhã será pior.