Onde estão os heróis?
Faleceram enrugados, brancos, feito uva passa sem semente. Quietos em seus cantos, envelheceram longe para que pudessem sobreviver em paz, na juventude eterna das telas, aquecendo os corações de muitas gerações de sonhos juvenis. Sentia-me um deles, a desvendar mistérios, prendendo criminosos e espiões, abatendo índios e leões. Ora com sofisticadas traquitanas ora com simples tacapes e rifles de um tiro só, íamos pelo mato e pela orla da praia em bandos de moleques felizes. Os anos sessenta eram assim, só de bandidos inventados e mocinhos com chapéu de cowboy ou aquele um feito que guaxinim, quando ainda não tinham inventado o politicamente correto e a ecologia para crianças.
Pois esta semana perdemos primeiro Peter Aurness (Peter Graves) de Missão Impossível e logo depois Fess Parker, nosso eterno Daniel Boone e Davy Crockett. Suas fotos recentes registram tão somente a passagem do tempo, coisa que não cabe na memória. Na memória, o tempo não passa, a felicidade permanece e a dor e a maldade se esvaem. Se bem que o mundo mudou, as crianças se vêm às voltas com balas perdidas, balas de verdadeiro horror, sem dó nem piedade. Crianças cuja infância conjuga o verbo fumar, drogar e roubar sem tempo para jogar uma pelada num terreno baldio (desde que isso não seja um cadáver).
Nossa, não sabia que Daniel Boone morreu esta semana! Os seriados da década de 60 mostravam um mundo diferente. A gênia que saia da lâmpada e namorava o astronauta, a família que ia viajar pelo espaço com um robot e um Dr. que não tinha muita moral, os cientistas que viajavam pelo tempo, os pequeninhos que chegavam no planeta dos gigantes, a feiticeira que torcia o nariz, o capitão que era um fantasma, o agente que tirava o sapato e falava ao telefone. Era o tempo da tv de válvula que demorava um monte para ligar.
ResponderExcluirEu tinha aquela ideia fantasiosa que uns saíam de cena para que outros ocupassem os palcos, mas a verdade é que a maré de substitutos está muito baixa, para não dizer, muito ruim.
ResponderExcluirÉ isso ai... Carlos eduardo resumiu-os todos, ou quase. Esqueceu-se dos cães, dos golfinhos, dos cavalos, dos meninos...
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