segunda-feira, 15 de março de 2010

Deserto

Não é preciso nenhuma poesia nova
para habitar as porções desertas do mundo
No deserto
os grãos espalhados fazem todo o sentido.


Não é preciso nenhuma poesia nova
ou versos
lutando para despertar
o sono antigo e demorado
das pedras no deserto.


Não é preciso nenhuma poesia nova
ou imagens extravagantes
querendo provar que o deserto
precisa ser descrito e enaltecido

O deserto está para sempre ali,
na luta diária contra o vento,
na luta diária contra a noite fria,
na luta diária
do grão e da pedra,
contra os pés insistentes
e as palavras barulhentas dos ciganos.

4 comentários:

  1. Lindo poema, sensível, me fez viajar por desertos inesperados, desconhecidos, desertos...

    ResponderExcluir
  2. Lucia, gosto muito desta troca de sensações.
    De ser tocada pela sua sensibilidade, de me aproximar com o que escrevo da sua sensibilidade.
    Tem sido muito bom "morar" nesta casa.

    Beijos e bom dia

    ResponderExcluir
  3. Olha só. Adorei!
    Lembrei-me instantâneamente de um livro lido, já coberto por alguma poeira: "No teu deserto" de Miguel de Souza Tavares. Conheci-o pessoalmente lá no encontro literário da Mantiqueira e só depois fui ler, É excepcional. Recomendo.
    Se bem que não precisas...

    ResponderExcluir