quinta-feira, 18 de março de 2010

Natália Correia (1923-1993)













Completaram-se ontem, 17 de Março, 17 anos desde a sua morte. Escritora, poetisa, polemista, deputada, Natália Correia - «a mais bela mulher de Lisboa", nas palavras de Baptista-Bastos», e «uma mulher imperial», como Clara Ferreira Alves a definiu - foi uma das personalidades mais marcantes da vida pública portuguesa no século XX.
Tenho um disco de Natália Correia a declamar a sua própria poesia - tinha uma voz belíssima -, mas, infelizmente, são gravações dos anos 60, pelo que não incluem qualquer poema do seu último livro de poesia, Sonetos Românticos, o meu preferido. Gosto sobretudo de um poema, O Espírito, que partilho convosco:

Nada a fazer amor, eu sou do bando
Impermanente das aves friorentas;
E nos galhos dos anos desbotando
Já as folhas me ofuscam macilentas;

E vou com as andorinhas. Até quando?
À vida breve não perguntes: cruentas
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando
Ave estroina serei em mãos sedentas.

Pensa-me eterna que o eterno gera
Quem na amada o conjura. Além, mais alto,
Em ileso beiral, aí espera:

Andorinha indemne ao sobressalto
Do tempo, núncia de perene primavera.
Confia. Eu sou romântica. Não falto.

5 comentários:

  1. uma voz belíssima. como os olhos. uma voz poderosa. como a sua presença.
    tanto que me fizeste recordar, agora. coisas boas.

    obrigada :)

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  2. Sim, para além da voz, os olhos, a presença. Como disse a CFA, «uma mulher imperial».

    Não agradeças - partilhar é um prazer. :)

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