quarta-feira, 10 de março de 2010

VI UMA ARANHA SILENCIOSA E PACIENTE

Gerana Damulakis

Walt Whitman (1819-1892) sempre me lembra Ezra Pound - amanhã direi a razão, muitos sabem sobre a associação entre os dois poetas -, porque hoje quero colocar um poema que é uma grande metáfora. Whitman nos mostra um outro modo de pensar a dominação, a conquista, a guerra. Resta sentir, verso a verso.

VI UMA ARANHA SILENCIOSA E PACIENTE
----------------Walt Whitman

Vi uma aranha silenciosa e paciente
Isolada num pequeno promontório
Que, para explorar os amplos e desertos arredores,
Emitia filamentos e filamentos e filamentos de seu próprio
------------corpo,
Desenrolando-os sempre, sempre velozmente.
Também tu, ó minha alma, aí onde estás, esperas
Cercada, desgarrada, em imensuráveis oceanos de espaço,
Incessantemente divagando, especulando, procurando
-------------esferas para a conexão,
Até que a ponte de que precisas se forme, que a âncora
-------------maleável se encrave,
Que o fio da teia que lances a algo se entrelace, Ó minha
-------------alma.

Tradução de Jorge Wanderley

Um comentário:

  1. Muito faz pensar, Gerana, esse teu poema de Whitman.
    Até que a ponte de que precisas se forme, que a âncora maleável se encrave.
    Bela a imagem.

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