sexta-feira, 12 de março de 2010

O velho Chico

Não, não é o rio. Falo de Chico Buarque, aquele que, para mim, melhor soube descrever o amor, em todas as suas nuances. E para provar, aí vai uma das composições que dispensa qualquer adjetivo:


Eu te amo


Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.


Composição: Tom Jobim / Chico Buarque


2 comentários:

  1. Lucia, adoro essa música. Aliás, adoro o Chico e, para mim, o maior hino de amor por ele já escrito é o Futuros Amantes. Nossa, é de arrepiar.

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  2. "...Sábios em vão
    Tentarão decifrar
    O eco de antigas palavras
    Fragmentos de cartas, poemas
    Mentiras, retratos..."

    Eu também tento decifrar, em vão. E como tenho pouca sapiência e muitas interrogações, vou pintando minhas dúvidas e procurando por respostas.

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