sábado, 13 de março de 2010

Continente

O mar todo dentro dos meus olhos
e ainda um rio, inteiro
e reunião de chuvas
composição de lagos
e ainda assim
os restos de águas nos copos
os restos de águas nas flores
os restos de água
nos meus olhos
o mar em si mesmo desenhado
nas paredes feitas de águas
nas esquinas feitas de águas
nas caixas, todas encharcadas,
e todo o charco que é o mundo
dos meus olhos.
Se houver um sol,
sob os meus papéis molhados,
futura construção:
quando algo,
finalmente,
tornar-se sólido,
água sem afeto.


[ originalmente aqui ]

3 comentários:

  1. E: se eu concluir que ando gostando mais de sua poesia do que da prosa, vc se zangará?
    Parabéns pelo poema!

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  2. Gerana,
    não me zangaria com você! Acho difícil. Já vi você até bravinha na Casa de Jorge Amado (lembra dos escritores médicos???)
    É que sempre me acho uma atrevida ao escrever poesias... Então, fico inquieta, meio agitada, porque fujo da poesia, por me sentir meio impostora.
    Nos veremos na sexta que vem???
    Aí, quero te dar um abraço!

    Beijos

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  3. Eliana, você é mesmo bastante talentosa.

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