terça-feira, 13 de abril de 2010

A pressa dos dias



À pressa se nasce com medo de perder no escuro canal, sinopses que venham a ser primárias. À pressa se deglute o primeiro leite da vida, com a sofreguidão de quem à pressa precisa de nutrientes que alimentem a vida. À pressa se cresce, com medo que o tempo não chegue para tudo o que temos ainda a receber. À pressa se mergulha na intensidade da vida esperando, à pressa, o tal tempo para tudo que chega devagar. À pressa se ama, para que com pressa se construam novas vidas. À pressa se pare, para que a dor do rebentar de outra vida dentro da nossa, não seja um morteiro feroz. À pressa se vão vivendo os dias, com pressa que os rebentos cresçam e se lancem novas sementes. À pressa te beijo e te digo que te amo antes que te despeças de mim para que vás onde não posso ir contigo. Só lenta, muito lentamente se sofre a tristeza da dor, se espera a chegada do dia do reencontro com aquilo que à pressa se procurou.

5 comentários:

  1. Eu não sou uma pessoa apressada. Sou do estilo que come devagar, mastigando a comida, então, por pressa, não sofro. Mas adorei o seu texto!

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  2. A vida é uma coisa tantrica. Para saborear até ao mais intímo, sem pressas. Só assim poderemos atender aos pormenores, fixando a imagem geral. É preciso perceber a chuva traçando alinhavos no pano da tarde.
    Bom de verdade mesmo, são os lentos entardeceres roxos. O tempo de um beijo é, deve ser uma eternidade.É pecado viver a correr.
    Bjs.
    Henrique

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  3. Um dos meus defeitos é e sempre foi a pressa e depois fico com pena do que näo vivi com a pressa de o viver , como as crianças. :)

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  4. Acho tão horrível essa necessária pressa...
    que passa apressadamente por mim...
    beijos apressados
    Leca

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  5. Que bela imagem " a chuva traçando alinhavos no pano da tarde".

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