segunda-feira, 19 de abril de 2010

On repeat

Finalmente encontrei a mesma versão que tenho num CD comprado por acaso, e através do qual me rendi definitivamente a Vinícius. Um album chamado "O Grande Encontro de Maria Creuza, Toquinho e Vinícius de Moraes". E foi um grande encontro para mim, talvez o momento certo da minha vida para tropeçar nesta descoberta. Nunca mais esqueci o momento em que a voz de Vinicius começa a declamar o poema. Estava embalada na música que já é linda em si, na voz fantástica de Maria Creuza, e estava a conduzir. Depois do espanto que me levou a duvidar se havia algum problema no CD ou no leitor, acabei a ter de encostar o carro, lavada em lágrimas. Não conhecia o poema e não descansei enquanto não o encontrei. Decorei-o em poucas leituras e nunca mais o esqueci. Ecoa em mim um grande amor que já sentia na altura, que concretizei depois com a ajuda deste mesmo poema (há coincidências muito estranhas), e que perdi num ápice, tempo mais curto que chama a consumir um fósforo. Mas que me acompanha ainda, de uma forma diferente, estranhamente silenciosa, resignada, melancólica, mas muito ternurenta. Adoro o conjunto desta música, letra, soneto e vozes.


Original no meu blog - sugestão de partilha do Terráqueo.

4 comentários:

  1. Para mim esta musica e "Samba em prelúdio"
    tem o mesmo impacto emocional (que é muito grande).

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  2. Lindo...Lindo o que dividis-te connosco, linda a tua maneira de descrever o que sentes com essa música. O mais engraçado, que às vezes não tem graça, é que a cada um de nós a música remete a qualquer coisa, qualquer momento, qualquer pessoa. Eu para cada pessoa que passou, ou que permanece na minha vida, tenho uma música e choro com essa também...por saber que estou tão longe do meu pai...e lembra-me tanto ele, foi com ela que lhe fiz uma surpresa quando fez 60 anos. Mas agora para nos vermos é preciso fazer conexão Portugal-Brasil. Parabéns!

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  3. Também gosto de ter as minhas trilhas musicais. Assim como acontece com os meus livros, lembro que em tal época eu estava ouvindo tais músicas. Esta música em especial sempre vi com os olhos da chama que apaga, foi sempre um alerta de que o amor é tão falível quanto quem o sente. Delicadíssimo post.
    Bípede Falante.

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  4. Cduxa, o impacto das emoçoes é sempre o mais forte.

    Prisca, obrigada. Acho que ligar uma música bonita a alguém é uma grande homenagem, e uma que gosto sempre de fazer.

    Bípede, obrigada. Nem mais: é uma alerta, e mais: um alerta doce para algo que pode ser tao acre de sentir.

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