Toda a noite
Escorreu chuva pelas paredes do céu
Ainda há lágrimas na vidraça
Lá fora
Levanta-se um vapor denso
Cio da terra
Rios tropeçando nas margens
Navegando lamas e canaviais
Pressa de chegar
Anúncio de tempo novo
Preparos de lavrar e semear
Abundâncias adiadas
Agora é hora
De filhos novos e borboletas
De pastores comboiando gados
Circuncisões e puberdades
Agora, mesmo agora
Mulheres jovens da casa do meio
Silêncios cúmplices na noite
Fogueiras de aquecer e conversar
Agora
Tempo de kissangua e hidromel
Batuques marcando ritmos de vida
Entrelaçam-se olhares límpidos
Segredam-se juras e alembamentos
Sacrifício do mais sagrado animal
Hora de deuses e kiandas
Agora
É tempo de respirar.
GED
GED: uma beleza pura. O poema segue num fôlego estonteante. Notei o final, desacelerando:Agora
ResponderExcluirTempo de kissangua e hidromel
Batuques marcando ritmos de vida
Entrelaçam-se olhares límpidos
Segredam-se juras e alembamentos
Sacrifício do mais sagrado animal
Hora de deuses e kiandas
Agora
É tempo de respirar.
Adorei. E obrigada. Vou salvar nos meus documentos.
Estava esperando a Gerana comentar para não lhe roubar essa honra, afinal, o post foi dedicado a ela. Eu, cada vez mais me reconheço na poesia do GED, me reconheço como criatura, como um ser além dessa bipedice magrela em que me hospedo.
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