DE ONDE EU VENHO
De onde eu venho
Não há dunas de areia
Águas soltas no céu
Pingando gengibre e doce mel
Rios, sim.
De onde eu venho
Estremecem paludismos
Fogueiras devoram as noites
Desejos por saciar
Estalam ruidosamente os ossos do tempo
De onde eu venho
Há cabaças de kissangua e hidromel
Virgens parindo ternuras
Sede da terra
Rios velhos, sim.
De onde eu venho
Planam girassóis ao vento
Gestos de vidro e luz de mil cores
Amores alucinados
Carne viva.
De onde eu venho
Há imbondeiros preguiçando ao sol
Sombras voam na floresta
Faúlhas dançam no escuro
Rios novos, sim.
De onde eu venho
Há mulheres dilacerando os milhos
Borboletas azuis
Ritmos da memória antiga
Rios pedregosos, sim.
De onde eu venho
Jovens ensaiam juras de amor
Luares derramados nas copas
Serpentes prateadas, nevoeiro
Rios serenos, sim
De onde eu venho
Há meninos rindo, na casa do meio
Nuvens brancas, girassóis
Corpos sedentos, febris
Rios mágicos, sim
De onde eu venho
Kissanges e batuques perfumam a noite
Fogueiras e pirilampos
Palavras apenas sussurradas
Rios sem margens, sim
De onde eu venho
Acendem-se candeias ao jantar
Despem-se silêncios desiguais
Águas gordas, grávidas
Rios primevos, sim.
GED
Ged, de onde você vem, vem também muita inspiração e palavras novas. De onde você vem deve ser um lugar especial para se ir. Seja bem-vindo ao Mínimo Ajuste! Beijo. Bípede Falante
ResponderExcluirrsrs...a Bípede tirou as palavras da minha boca...depois de ler tudo...ficou a pergunta...
ResponderExcluirDe onde você vem?
beijos
Leca
"Poesia é uma ilha rodeada de palavras por todos os lados" já dizia o brasileiro Cassiano Ricardo.
ResponderExcluirEu adianto que é lá que te encontrarão.
(foi uma surpresa ver-te aqui)
Eu estou impressionada com tão diferente e interessante vocabulário. Depois de um bom tempo sem usar o "amansa burro" lá vou eu em busca do meu dicionário procurar o signficado de algumas palavras. Viva! Não tá morto quem procura!
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