Quase todo brasileiro já teve, tem ou vai ter uma cachorrinha chamada Laica. Se você não teve, caro leitor, certamente já conheceu (ou conhece) um dono de Laica. Laica foi a famosa primeira astronauta. Foi ao espaço como cobaia dos soviéticos, não muito certos de que a geringonça que estavam para lançar traria seu ocupante são e salvo de volta à Terra. Pois bem, Laica foi e voltou, virou heroína e nome de cadelinha mundo afora. Nesta semana inauguraram uma estátua dela (04/2008). Um erro histórico, finalmente reparado.
Minha infância também teve uma Laica, afinal estávamos nos anos sessenta e todo quarteirão teve a sua. A cachorra não era minha, mas de um amigo e para todos da turma era igualzinha a das fotos dos jornais. Só que aquela que nos acompanhou por muitos anos era colorida e muito mais bonita do que a sua sósia russa das fotos desbotadas do papel jornal. A cor predominante era branca e ela ostentava suas manchas marrons e pretas com muito orgulho e galhardia. Suas orelhas quebravam antes da ponta, sendo que uma delas era marrom e a outra branca. Tinha uma mancha preta em volta de um dos olhos e era extremamente brincalhona e alerta.
Nós eramos fãs do Vigilante Carlos e de seu cachorro Lobo, papel muito bem desempenhado pelo meu Pastor Alemão. Como a Laica não podia ficar de fora e não se contentava apenas com o papel de gandula, nos jogos que protagonizávamos no campinho, passamos a incluí-la quando brincávamos de National Kid, outro dos nossos heróis. Experimentamos de tudo, desde amarrar balões na coitada, para ver se flutuava, até catapultá-la de modo que voasse como a do russos. Ela aguentava todas as barbaridades, desde que fosse o centro das atenções, sempre abanando o rabo e latindo alegre. Após cada vôo, voltava para o próximo, de forma veloz e destemida. Grande companheira, esquecida no sótão da memória, até que a foto da estátua, recém inaugurada, me fez até ouvir o seu latido alegre e correr uma lágrima solitária em sua homenagem.
Pois é, Laica agora virou estátua e, assim, jamais será esquecida. Quem sabe um dia possa fazer-lhe uma visita e levar uma barrinha de Diamante Negro para depositar a seus pés, sua guloseima favorita.
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Eu não tive, mas conheci várias Laicas em casa de amigos. Eu tive o Dhudhu, um viralata inesquecível.
ResponderExcluirNão tive nenhuma Laica mas conheci algumas.
ResponderExcluirTive um Vicente Yanez Pizarro, um José Pirata, e atualmente tenho como companheiro de atelier o Thomé de Souza. Os cães são realmente inesquecíveis.
Bacana, lá vá la Laica!
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