domingo, 30 de maio de 2010

MEDO DO INVERNO

Despe-te. Lentamente, livra-te daquilo que não é teu e daquilo que não és. Livra-te, dos adereços inúteis que recolheste ao longo dos anos, e que vestiste de bom grado, como se fossem tua própria pele. Se te pesam, lembra-te que são somente trajes. Feitos de matéria findável. Descartáveis. Se te cobrem, é porque tu te aportas a eles. Deixa vir o que há. Deixa ser o que és. E o que sou, assim, tão desamparado? - me perguntarias tu. És o que sobra quando tudo tu perdes. És o coração curado das dores. És a alma livre e neutra. O que de ti acorda quando tudo passa. Pega! É isso o tudo que tens, e o que nunca perderás. O medo vem dessas tuas roupas. Quando entenderes que não são elas a te proteger, ainda que o inverno mais rigoroso chegue, tua pele nua será teu escudo mais poderoso.

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