Estou aqui sentada há uma meia hora, e a movimentação nas minhas células ainda é intensa. Latejam as paredes que as revestem. Não sei se é meu corpo ou minha cabeça que insistem com a tempestade ou se sou eu que faço um estilo mexicano, mas o fato é que não consigo me dominar, e as lágrimas jorram como se o meu reservatório emocional fosse feito de um plástico furado ou de um útero incapaz. Não te contei que estou grávida, não é? Sim. Estou. Já são vinte e quatro as semanas que crescem em mim. Minha barriga está grande e altiva, como se fosse eu própria o trono de um rei ou uma fada madrinha. No entanto, o que eu ofereço ao meu filho é pouco, beira a miséria. Reinam ao meu redor, a desordem e a solidão. À minha mesa não sentam mais os inocentes e, quando nos reunimos, pai, irmãos e ausência, é a luz do desafeto, a vela que ilumina.
Quis ler o texto todo, e comentei lá... Deixo o mesmo comentário aqui também:
ResponderExcluirEu não saberia descrever os sentimentos que me foram despertados com este texto... Sei que por vezes o que está escrito não corresponde a realidade do escritor, mas também sei que quando um texto carreia tanta emoção, existe ao menos uma parte de quem o escreveu. Há certas coisas que não sei se são imagináveis, não assim, com tamanha fidelidade.
Quanto a família, acredito que temos a chance de ter duas em nossa vida. Aquela onde nascemos, e aquela que criamos. A que criamos está em nossas mãos, muito mais que aquela onde nascemos. A vida que cresce é o início da sua segunda família, que há de ser bela, e não te deixará nunca mais ser única.
Abraço.
Esse texto também me tocou muito. Me assustou de fato.
ResponderExcluirBP: vc não está ao modo mexicano, o estilo está à grega mesmo. Parece até que é minha parente.
ResponderExcluirForte seu texto!Então lembrei-me:
ResponderExcluirPerdoem a cara amarrada,
Perdoem a falta de abraço,
Perdoem a falta de espaço,
Os dias eram assim...
Perdoem por tantos perigos,
Perdoem a falta de abrigo,
Perdoem a falta de amigos,
Os dias eram assim...
Perdoem a falta de folhas,
Perdoem a falta de ar
Perdoem a falta de escolha,
Os dias eram assim...
E quando passarem a limpo,
E quando cortarem os laços,
E quando soltarem os cintos,
Façam a festa por mim...
E quando lavarem a mágoa,
E quando lavarem a alma
E quando lavarem a água,
Lavem os olhos por mim...
Quando brotarem as flores,
Quando crescerem as matas,
Quando colherem os frutos,
Digam o gosto pra mim...
Digam o gosto pra mim...
Victor Martins/Ivan Lins
Coma amor ecarinho,
Sílvia