quarta-feira, 19 de maio de 2010

LÁGRIMA DE PRETA

Uma lágrima rolou lentamente
Pela face daquela mulher de cor
Um rasto líquido vincando rugas.
Libertou-se no espaço
E, explodiu violentamente no chão
Em mil cristais de dor.
Cada cristal, uma lembrança
Uma agonia de esticar a alma
Ameaçando estilhaços.
Um filho morto de cada vez
Chorando todos um por um.
O desejo da morte que não vem
Caminha só, sem destino algum
Por esta pátria doida, alucinada
Cruzando-se com outras lágrimas
Engrossando o mar que nos pariu
Ondas vermelhas prenhas de sangue
Rugindo numa calema tresloucada.
Tréguas temporárias, muito poucas
Só quando o sono liberta os sonhos.
Repousa e incendeia-se serena
Pelo seu mundo de antigamente
Desfeito todos os dias
No instante em que acorda.

GED

Um comentário:

  1. Lágrima de mãe não seca, não evapora, não congela. Lágrima de mãe chove em dias de sol e em noites de lua. Lágrima de mãe é pura dor.

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