sexta-feira, 14 de maio de 2010

Uma grande descoberta...





Hoje estou colocando no Mínimo Ajuste, uma mensagem linda que recebi de uma amiga de anos. Enviei para ela um 'anexo' e recebi em resposta o seguinte:
Querida Silvia:
Você não imagina a surpresa que este e-mail foi pra mim... Procurei durante muito tempo este livro, porque quando o Gui tinha 2 aninhos eu lia pra ele várias vezes por dia, ele gostava muito. Daí chegou ao ponto de apenas mostrando as figuras ele dizia direitinho os versos!!! Era muuuuuuuuuuuuuuuito bonitinho e nós sempre nos lembramos disso... e agora vem a minha mui querida amiga e me passa o livro inteirinho !!!!!!!!! Só você mesmo Silvia. Te amo!

O anexo é o livro "olha o olho da Menina" de Marisa Prado com ilustrações de Ziraldo.
Não consegui colocar o "anexo" que está muito bem feito. Estou postando então o que achei no You Tube, para que desejar relembrar como minha amiga Rô, momentos felizes em família, onde Mães liam livros de estórias para encantar e embalar os sonhos dos filhos e junto muito aprendizado...
OLHA O OLHO DA MENINA -MARISA PRADO:
Menina crescia escutando
que não adiantava mentir
porque Mãe sempre sabia.
Mãe dizia
que lia na testa da Menina,
e que só Mãe
sabia ler testa.
Menina tentava
tapar a testa com a mão
na hora de mentir.
Mãe achava graça. Muita graça.
E continuava lendo assim mesmo
Menina precisava entender
como essa coisa misteriosa acontecia.
No espelho do banheiro,
mentia muito em silêncio.
E na testa, nada escrito!
Aí, Menina descobriu
que Mãe também mentia.
E que então não era testa
era o olho, com um brilho diferente -
que entregava a mentira.
Menina então tentava
fechar o olho com força,
para esconder a mentira.
Mas nem isso resolvia,
pois Mãe sempre adivinhava.
Menina tinha era que aprender
a fingir de olho aberto,
que mentira era verdade.
Menina tentou, tentou...
e aprendeu.
Era essa a solução
Mas de noite
Menina ficava apertada por dentro.
Assim meio sufocada,
não podia nem piscar.
Com o olho muito aberto,
não conseguia dormir.
Faltava ar pra Menina.
Igual quando a gente fica
quase sem respirar
rindo de uma cosquinha.
Só que não tinha graça.
Menina - sem querer -
tinha descoberto a Consciência,
uma coisa que toma conta da gente
mesmo quando Mãe
não está lendo testa,
nem adivinhando olho.
Menina tinha aprendido
que ter que fingir doía.
E que desse jeito
ia ficar muito sem graça
ser gente grande.
Menina desistiu de crescer.
Mas não adiantava.
Menina via que agora
já estava quase da altura
do móvel da sala da vovó.
E ficava muito triste,
o aperto apertando mais.
E de tanto que o aperto apertava,
Menina achou que fingir
só podia doer tanto
porque era dor sozinha.
Menina teve uma idéia.
E ainda não sabia
se era idéia brilhante.
Mas sabia - isso sim -
que precisava testar,
pra conseguir descobrir.
A idéia da Menina
foi dizer para Mãe
que era difícil fingir.
Menina achava ruim
aprender montes de coisas
sem dividir com ninguém.
Menina falou pra Mãe
que era muito complicado
e que não era nada bom
ter que crescer sozinha.
Mãe abraçou
muito apertado a Menina.
E no colo tão esperado
Menina estava sendo mãe da Mãe.
Menina sentiu
que mãe estava chorando.
E que Mãe
ainda não tinha aprendido tudo.
Mãe não falava nada
Mas uma e outra sabiam
naquele abraço apertado
que em Mãe também doía
ser gente grande sozinha.
Nessa hora
Menina entendeu tudinho.
"Descobriu que só carinho
é que espanta a solidão.
E que a dor, se dividida,
fica dor menos doída!
E que aí,
dá até vontade
de continuar a crescer
pra descobrir
o resto das coisas!"
E, para quem desejar ouvir:

Com amor e carinho,
Sílvia

3 comentários:

  1. Que lindo, Sil... Que lembrança boa, lembro claramente do livro!

    "... onde Mães liam livros de estórias para encantar e embalar os sonhos dos filhos e junto muito aprendizado..."

    Faço isso para minha filha, e quero que ela lembre com alegria desses momentos, quando for adulta.

    Beijos.

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  2. Muito lindo mesmo e precioso...

    E Filha não consegue mentir pra mãe...com certeza...

    Beijos

    Prisca

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  3. Obrigada minhas Flores Re e prisca.
    Amo-as, até......
    Sil

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