A poesia muitas vezes tem sido o refúgio de alguns que, desejando sucesso e fama, a ela se lançam sem mais cuidados. Outros autores, entretanto, nela vivem um sentido indissociável da alma. É o caso da Tatiana Druck, que nos brinda com PAR E ÍMPAR, do qual alguns poemas vão a seguir. Recomendo este livro pela fina sensibilidade da autora e, principalmente, pelo tema escolhido, a relação amorosa, mistério, sempre reveladora de nossos dramas mais ternos.
DESPERTADOR
Teu beijo chupado longamente
na garagem
esta manhã
sugou minha vontade de ir embora
Deixou-me anêmica de coragem
MULTIPLICAÇÃO
Casei com meu primeiro namorado
Era único, era um, era de verdade,
tinha nome:
Marido
Milagre,
quando me separei,
parece que deixei uma multidão de entidades
E mais algum homem escondido.
DETALHE
Segura com jeito a meia-taça
Branca rendada
Entorna e bebe meu vinho santo e não me peças mais nada
Por enquanto
Que bela sacada esta de perceber e descrever em forma de poesia o fenônemo da multiplicação dos vários que vêm no pacote de um. O par é impar parece ser um ótimo livro.
ResponderExcluirGostei do aperitivo, Paulo, da contemporaneidade da poesia da Tatiana. Vou procurar adquirir o livro.
ResponderExcluirBípede e Janaina: este é um livro para pessoas sensíveis como vocês.
ResponderExcluirgostei. não conhecia. obrigada.
ResponderExcluirVale a pena, Marta. Abraço.
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