Eles eram milhares, uns sobre os outros, justapostos pela falta de crença em dias a mais, em manhãs para um depois. De longe percebi como era pesado aquele escuro dentro dos seus olhos. As ruas estavam tomadas de desespero, os sorrisos tomados, as possibilidades...
Passei calado com uma poesia escondida sob a pele, lentamente para que ela não acordasse ali. Eles me viram mas não sabiam meu desvio. Não puderam entender que guardo mundos, que arrisco minhas noites em rima e verso. Isso é muita estrada para o nada que carregam por dentro. Tomei a primeira esquina e saí...
Adiante, retirei do bolso uma luz já meio apagada e colei-a no céu para virar lua acesa. Ficou metade viva apenas, amarrotada de tanto esquecimento, mas era ainda uma lua que se via. - Pronto, a humanidade tem meia luz para uma chance. Do outro bolso puxei um velho sonho e o deitei em algum lugar. Dormi dentro dele e apaguei as chaves que retornavam... mas lá fora deixei a lua para guiar outro desvio.
Ricardo Fabião
Ricardo Fabião
Bem-vindo ao Mínimo Ajuste, Ricardo. Bela estréia a sua. Gostei muito. Texto rico, facetado e poético.
ResponderExcluirObrigado, Helena...
ResponderExcluirVou enviar-te um e-mail para que me esclareças algumas dúvidas sobre o blog.
Ricardo Fabião.
Muito bem-vindo Ricardo... Já fui cuscar seu blog e á vou te seguir...
ResponderExcluirObrigada pelo comentário do meu post.
Sobre o post... Manda-me essa chave pelo correio...a Lua cá ficou, o cobertor dos sonhos eu já tenho, quero é abrir a nova porta, do novo desvio, apagar as chaves de retorno... deixando sempre a luz para o próximo. Muito lindo mesmo.
Prisca (Priscila)