Passei no super antes de vir para cá. Comprei repolhos, couve e resto de aves. Quando o frio chega, a sopa deve ser boa. A receita é fazer o melhor possível. O melhor possível, o melhor possível. Tudo em paz no santo coração. O alívio de se dizer a verdade. O alívio da crise superada. Superada? Não se pode apagar o que aconteceu. Aconteceu - aconteceu. Errei, errei e errei. A sopa está pronta no fogão. A sopa na cama. A sopa na mesa. A trombose que sorrateiramente chega e passa por cima da crise. Atinge a perna, a coxa e a virilha. Imobiliza. Apaga a crise? Deleta tudo? Coincidências? Somatizações. O Amante de Marguerite Duras. Ontem ela estava presa na poltrona do cinema. Hoje ela manca deitada tomando sopa na cama. Eu rouco sentado tomando sopa na mesa. Ela fala, eu admito. Eu falo, ela chora. O Amante de Marguerite Duras. A história infiel. O resto da sopa. O osso da ave que fica no prato. O beijo na testa quente e fria. A pequena injeção. A picada como se fosse minha carne. Olhos tortos que suplicam o amor que nunca perdemos.
ah! obrigada Carlos! por estas letras.
ResponderExcluirMaravilhoso...
ResponderExcluirTriste, terno e redentor.
ResponderExcluirBelíssimo e literário texto, Maia.
Muito bacana, um texto que que agarra o leitor; aliás, é sua marca arrastar o leitor para dentro de seus textos.
ResponderExcluirObrigado pessoal, esse post tem 3 anos e alguém pediu para eu publicar aqui.
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