segunda-feira, 10 de maio de 2010


Da série: Meu caderno Vermelho

Nesse século havia um unicórnio azul, era 1989. Em Berlim, trincava o muro, no Brasil, meu coração. O rapaz, meu namorado, era do PCB, e quando menos esperávamos, saiu a sua bolsa de estudos na Alemanha Oriental.
Fui até o Rio de Janeiro para a despedida e preferi embarcar primeiro. Temi a solidão de um aeroporto estranho. Sentei em minha poltrona e comecei logo a chorar. Pela janela eu via o unicórnio azul despencar. Um senhor bonito sentou-se ao meu lado e falou:
- O avião ainda nem levantou voo, e você já está chorando?
Que coincidência! Era Roberto Freire, o candidato a presidência da república pelo PCB. Contei a minha história e ele me contou uma história sua muito parecida. Acho que votei nele nessa eleição.
Guardei as cartas de amor, únicas, e um pedaço qualquer do muro.

Martha
Galrão

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