quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O Lampião


Meu velho lampião a querosene,
relíquia que conservo com cuidado,
herdei de quem também legou-me o gene
de homem de bem, guerreiro, honesto e honrado!

Sinto-lhe a falta e a dor castiga, infrene,
quando te olhando lembro inconformado
quanta festança e quanto ato solene
nós três compartilhamos no passado!

A casa então se torna o antigo rancho,
no canto o esteio, e nele o velho gancho...
e o pranto de saudade aflora e cai...

e ao transmutar-se assim todo o ambiente
- magia da lembrança - em minha frente
não vejo o lampião, vejo meu pai!


Pedro Ornellas

7 comentários:

  1. Puxa, Pedro Ornellas é maravilhoso.
    Que texto lindo!
    Ótimo post...

    Bj,
    A.

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  2. Belíssimo Mara. eu sou do tempo em que meus pais cantavam ouvindo RÁDIO: a Nezita Barrozo! A letra dsa canção é assim:

    Lampião De Gás Inezita Barroso

    Zeca Bergami

    Lampião de gás, lampião de gás
    Quanta saudade você me traz

    Da sua luzinha verde azulada
    Que iluminava minha janela,
    Do almofadinha lá na calçada,
    Palheta branca, calça apertada

    Do bilboquê, do diabolô,
    "Me dá foguinho", "vai no vizinho"
    De pular corda, brincar de roda,
    De Benjamim, Jagunço e Chiquinho

    Lampião de gás, lampião de gás
    Quanta saudade você me traz

    Do bonde aberto, do carvoeiro
    Do vassoureiro com seu pregão
    Da vovozinha, muito branquinha,
    Fazendo roscas, sequilhos e pão

    Da garoinha fria, fininha,
    Escorregando pela vidraça,
    Do sabugueiro grande e cheiroso,
    Lá do quintal da rua da Graça

    Lampião de gás, lampião de gás
    Quanta saudade você me traz

    Da minha São Paulo, calma e serena,
    Que era pequena, mas grande demais!
    Agora cresceu, mas tudo morreu...
    Lampião de gás que saudade me traz

    Pois é minha flor, obrigada por trazer de volta esse momento mágico que está fotografado na minha memória d minha Mãe e meu Pai juntos cantando eesa Canção e nós os cinco Filhos a ouví-los respeitosamente e embabacados achando tudo perfeito. E... era perfeito!
    com carinho,
    Sílvia

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  3. Mara, MARAvilhoso poema.

    Gosto de tudo que tenha um tom saudosista.


    ##

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  4. Que bom poder ler e ver tais poemas, também eu me lembro muito de mansinho do tal candeiro pendurado nas cozinhas de meus avós,ai que saudades desses tempos tão diferentes mas igualmente bons, em que era amada pelo meus pais que já não tenho. obrigado por esta sensação de nostalgia que acendeu meu peito, bj

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  5. Amigos, ficou feliz em saber o quanto esse soneto despertou boas lembranças em todos nós.
    Que bom que gostaram.
    Bjs

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  6. Nossa, que saudade que me deu da minha infância e de meus pais na nossa casa quando vi a imagem e li o poema. Parabéns.

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