Pensei cá comigo: de onde saiu tanta mulher pelada? É certo que estamos no verão e que moramos no país da contra-mão, mas isto certamente não explica o fenômeno, muito menos a sua exuberância e abundância. Sem trocadilhos, é claro. Conversando com amigos, descobri que talvez isto tenha a ver com o fato de sermos país tropical e de sermos notados (pelo mundo afora) como nação carnavalesca. Mas estas coisas sempre foram assim e, portanto, apesar de contribuir significativamente para o fenômeno, não o explica. O fato parece não permitir nenhuma pesquisa séria, comprometida com a verdade, posto que todos têm uma explicação, ou baseada em preceito religioso e moral ou de puro sarcasmo. A realidade, entretanto, mostra-nos todo tipo de invasão banalizadora da beleza e da graça da mulher. Mulher pelada, que Deus criou com tanta qualidade e consciência, agora serve para vender cerveja, barco, apartamento, cosmético, shampoo e todo tipo de traquitana comercializável, até novela. Antes que me acusem de qualquer coisa, vou logo esclarecendo que existe, também, homem pelado de montão, ou seja, a falta de pudor é um fenômeno assexuado. Frase esta que dá o que pensar, haja vista para os acontecimentos recentes, documentados, ocorridos no seio da República. Talvez se lançarmos um olhar para o início do século passado, apenas para delimitar o período, veremos que naqueles tempos, mais românticos, o homem levantava apenas por cumprimentar uma mulher. Hoje, dependendo do assunto, o cidadão nem repara no seu redor. É tanto pouco pano desfilando para lá e para cá, que nem dá tempo ou motivo.
Por sermos seres pensantes, deveríamos privilegiar a imaginação, coisa que os poetas de outrora sabiam fazer como ninguém. Mas, nos dias de hoje, tudo é escancarado, sem necessidade de se exercitar o cérebro. As crianças e os jovens lêem pouco, nada imaginam, apenas sentam-se perante telas e, passivamente, absorvem todo tipo de propaganda subliminar. Assim é, também, com a saudável imaginação criadora, que se instala ao se divisar alguém do sexo oposto. Não sobrou nada para imaginar. Vê-se, apenas. A falta de leitura e a atitude passiva frente ao vídeo, não estimulam a imaginação e, pior, impedem que se pense, que haja reflexão. E nem estamos falando da convivência, aquela que a TV já matou faz tempo, juntamente com a conversa, substituídas ambas pelo “plim-plim”. A falta de reflexão, por sua vez, impede a atitude crítica e o desenvolvimento intelectual, permitindo que se instaure todo tipo de desmando e canalhice na vida pública nacional. E ainda tem gente que classifica os textos de Geoge Orwell como ficção.
IMAGEM: escultura de TAO SIGULDA
Tarde...
ResponderExcluirAdorei o seu tratado...abestalhado...mas só pelo fato de tudo que está ali ser verdade...
Mas nunca é tarde demais...ainda temos tempo de fazer alguma coisa...tudo começa por nós mesmos...mesmo que seja preciso nadar contra a correnteza...
A respeito da mulherada...é quase tudo verdade...não dá pra generalizar...mas é claro que a imagem ainda é usada...e a mulher faz questão de seguir um molde quase arcaico de sedução barata...Parece que tem uma lei nova para a publicidade ligada à imagem da mulher...mas sabe como é que é lei no Brasil...
Beijos e um ótimo domingo
Leca
Obrigado, Paraty também.
ResponderExcluirQuanta mais machista a cultura, mais objeto é a mulher. E o macho brasileiro gosta de contar e levar vantagem, exibir o prêmio, prometer o prêmio, cobiçar o prêmio, destruir o prêmio. Pior que ele só o macho das arabias, que além de usar e abusar, tranforma a mulher em um pacote à prova até de mosca. As duas opções são ruins, mas antes pelada que empacotada! :)
ResponderExcluir"Toda nudez será castigada."
ResponderExcluirPelada ou empacotada é a mesma coisa. É a banalização do feminino, do humano, promovida pela Sociedade do Espetáculo que a tudo estereotipa e pasteuriza.
Acho que nós aqui vamos nessa contra-mão. Praticamos algo muito perigoso: Pensamos!