Com licença

Deliciada por ter sido convidada, maravilhada te ter chegado, nesta casa de gentis anfitriões, de pessoas que nunca tendo visto em carne e osso, encontro intimamente nas idéias, nas palavras.

Me apresento.
Sou uma Silvestre Gavinha, que minha mãe chamava de "pau-de-enchente".
Onde apraz, vou me agarrando e ficando.
Me enrolando e enredando.
Troco fluidos.
Mudo senso.
E aceito o convite da contradança e do contrasenso.
Por falta de uma foto mais atual, busco uma antiga ainda mais ou menos válida.
Exibida que sempre fui.
Agradeço o convite e a acolhida.
Vou ficando.
E aceito o vinho.

Poetisando

Há dias que assim, me sinto
Leminski
concisa, distraída, irreverente.
Noutros, de chuva, recolhimento,
Sou Florbela, Espanca meu tormento,
trágica, insatisfeita, soneto!
Pessoa, múltipla, indecisa,
vagueio a charneca dos meus Eus.
Não sinto. Penso meu sentir,
ressentindo a falta do viver.

A vida dura uma saudade.
A lembrança de esquecer
antes o que não era vida.
Apenas a dor da partida,
o berro da chegada,
a lágrima do Alvorecer!