Há algo de cidade em mim.
Há algo de todas as cidades dentro de mim que forma o que eu sou.
Passarelas de percepção, mensageiras de sua gente.
Das ruas, prédios, edificações, pontes, túneis, torres e postes são os cheiros, cores, vibrações, ruídos e ares o que as determina.
O que há de diferente na massa que pula carnaval da Barra à Ondina, Campo Grande à Praça Castro Alves, da massa que percorre frenética a Avenida Paulista ou que grita pelo Impeachment ou da massa que doura ao sol de Ipanema? São “as gentes” de seu lugar, é o povo ocupando um lugar que lhe pertence e que é feito desse mesmo povo.
E se andássemos na contramão do convencional, se parássemos para um banho de chuva às 18 horas, se vagássemos pelos “buracos” perigosos da cidade que é nossa? O perigo não somos nós? O ermo quem determina é a ausência de gente. Terrenos baldios, pessoas vazias, valores dispersos.
Há algo bem longe que também é nosso e há tanta coisa nossa que é de lá. O mundo é um ovo de codorna, uma azeitona pequena ou uma bola de gude. Está tudo ao mesmo tempo agora em todo lugar e cada um com sua peculiaridade.
Muita coisa se apropria. O turista se apropria e recria a cidade que não é sua de origem, mas que acaba voltando na mala e ficando em seu corpo como tatuagem. Toda experiência é riqueza, é troca. O que eu trago de uma viagem é também o que deixo por lá e às vezes sou tão estrangeiro no meu lugar...
Sou feliz em ser massa.
Massa corpórea.
Indivíduo
Massa de gente
Coletivo
Cidade
Coletividade
Bela rima!!!!
Somos todos urbanos, urbanóides e vivemos de trocas e, basicamente, é o que pretendemos aqui nessa grande geléia geral.
ResponderExcluir"...e às vezes sou tão estrangeiro no meu lugar...".
ResponderExcluiré o meu tamanho essa t-shirt ;)
gostei.
Você tem toda razão. Somos muitos e somos um só! E em cada um de nós há uma mínima célula de
ResponderExcluirtodos, com suas características próprias, cada povo com sua Identidade, mas em permanente transformação.
Gostei demais do seu texto: claro, fluente e gostoso de ler. Parabéns e obrigada por compartilhá-lo conosco.
Um abraço
Também há algo de cidade em mim, mas tenho de reconhecer que o bucólico é encantador e fascinante. Não pretendo virar hermitão, um lobo que percebe o mundo de cima de uma colina, prefiro um sótão privativo onde posso ter a opção de descer e subir. Muito bom o texto, parabéns.
ResponderExcluirGostei também muito do texto. Principalmente o jogo de espelho, a inversão do perigo do vazio de dentro, do perigo do cheio de vazios e buracos da cidade e das pessoas.
ResponderExcluirMuito bom mesmo.
Maia, com que então posso chamar-te de Lobo da Estepe???
Um abraço
Marie
Muitas vezes, me pergunto qual o tamanho da cidade que vive em mim.
ResponderExcluirGostei demais do seu texto. Que bom vê-lo aqui também.
ResponderExcluirQuerido Edu, vc por aqui também. Bjo.
ResponderExcluirMe dei conta que há muito de campo aberto em mim. Deve ser por isso que o interior, em geral, me dá arrepios.
ResponderExcluir