Dança da caretada, União dos Palmares (AL)
Não sendo escritora, poeta menos ainda, e só conhecendo estórias da "boca da noite", restou-me pedir emprestado uma roda de ciranda ao Quinteto Violado e um poema da cubana Fina Garcia Marruz para entrar neste espaço tão formoso e aconchegante...Peço licença e vou dizendo:
Meu senhor dono da casa,
o cirandeiro já chegou.
Vamos fazer a roda,
vamos nos dar as mãos,
vamos cantar ciranda pra alegrar o coração!
Oh cirandeira chame as meninas,
que esta ciranda vem do jangue de Olinda...
Ô moreninha você é tão bonitinha, engraçadinha,
quero casar com você.
Saí de casa deixei meu terno engomado,
amanhã do outro lado quero falar com você
Ai, ai, ai, meu deus, o que que eu vou fazer,
aonde eu vou ver água pra meu bem beber
Se eu fosse um mestre cirandeiro...
a todo samba eu tenho que assistir;
só tenho pena do meu camarada, minha namorada
que eu não vejo aqui...
Meu pé de laranja lima quanta laranja botou...
uma caiu no chão, a outra meu bem chupou
Meu pé de uva só bota uva,
meu pé de rosa só bota rosa.
A menina pra ser bonita,
quando ela nasce já é formosa!
Moreninha do meu coração,
meu avião vai pousar em outras terras,
ó cirandeira do meu coração,
meu avião vai pousar em outras terras...!
foto: flickr
Trepó como una hormiga sobre dos preposiciones.
Mascó como un león donde decia palomas.
Desmoronó un pedazo de adjetivo.
Bailó la futileza de la estrofa inicial.
No se tomó el trabajo de destruirlo todo.
Los fragmentos comenzaron a bostezar.
Alguno destilló su poco, hay que decirlo.
Dejó sin nada al lado a la palabra muerte.
Subiu como uma formiga sobre duas preposições.
Mastigou como um leão onde dizia pombas.
Desmoronou na futilidade da estrofe inicial.
Não se deu ao trabalho de rasgar tudo.
Os fragmentos começaram a bocejar.
Alguns cintilaram um pouco, é preciso que se diga.
Deixou sem nada ao lado a palavra morte.
Fina Garcia Marruz, poeta cubana nascida em Havana, 1923. Recebeu o Prêmio Nacional de Literatura em 1990. Livros publicados: Visitaciones, Poesias Escogidas, Las miradas perdidas.
A ciranda é linda que o é mesmo. O poema e luxuoso.
ResponderExcluirBem vinda!
Marie
obrigada pela partilha. não conhecia.
ResponderExcluirVoce sempre, lá ou aqui, a nos mostrar grandes poetas. Obrigada por mais esses versos.
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