O estrondo foi tão inesperado que, por instantes, acreditou que o mundo ia acabar ali, numa explosão desconhecida, num cataclismo infernal de que ficaria ignorante por toda a eternidade.
Ia acabar tudo assim. E depois? Haveria alguma coisa depois do fim?
Coseu o corpo gelado contra a parede, enrolou-se o mais que pode, como se fosse um bicho-de-conta gigante e esperou.
Quando recuperou um pouco da compostura perdida e teve noção da figura em que estava, descontraiu e, no escuro, permitiu que no rosto se desenhasse um sorriso de troça.
Troçava de si, do pânico que lhe consumira o corpo e toldara os sentidos.
Troçava daquele corredor de breu e daquela porta amaldiçoada e sedutora.
E soltou uma gargalhada abafada, mordida e sufocada, ao imaginar o velho a tropeçar no gongo de bronze que tinha deixado atravessado, lá em baixo, no meio do salão.
(continua)
e mais?
ResponderExcluirgosto.gosto.gosto.
Sou um peixe. Estou completamente fisgada. Mande mais!
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