quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Noite fria com neve.
Na noite fria com neve famintos terráqueos escondem-se em buracos muito quentes. Loiras nada geladas seduzem homens sedentos de prazer em frente aos seus maridos e com satisfação plena. Para cada mulher há cinco homens devotados. Estão todos nus e sem constrangimento algum. Há uma loira com um corpo perfeito, cabelos lisos pelo ombro, olhos azuis e um sorriso que enfeitiça. Ela é inteiramente rosa e dourada. Move-se lentamente com uma naturalidade rara. Senta-se displicentemente enquanto massageia as pernas e os pés. De repente alonga uma perna e dobra a outra. Sinto um calor subindo. No andar de cima, com os olhos vendados por uma toalha branca uma outra mulher esbanja prazer e sensualidade. Deve ter sido linda quando jovem. Mesmo na meia idade, os seios fartos e claros convidam ao toque. Atada no balanço de couro sua posição é de aparente vulnerabilidade. Suas entranhas estão a vista, sua cabeça está dependurada. Seu marido a apóia com a farta barriga enquanto acaricia os seus mamilos com os olhos fechados e com visível orgulho. Do outro lado, homens mais jovens a examinam como quem descobre algo novo, nunca visto. É uma mulher diferente. Provavelmente da idade das suas mães. Fico magnetizado por ela também. O que o casal busca é difícil precisar. Recuperar uma paixão, redescobrir a libido perdida, simplesmente sentir um pouco de vida, de juventude, de calor, provar que ainda são desejáveis. Não deve ser nada disso. O local não permite perguntas. Somente alguns gestos. Vários homens a tocam, sem contudo atreverem-se a ir além. Silenciosa ela se deixa tocar sem nenhum movimento ou ruído. Desconfio que ela esteja fingindo, pensando nas compras da casa. Mas, mesmo atada no aparelho sadomasoquista, mantém muito bem o controle da situação. Ele a ama profundamente nesse momento, mas seu prazer não é visível. Acho que esse prazer não importa mais. O que importa é vê-la tão desejada e o amor dela por ele, capaz de qualquer ato para mantê-lo submisso ao seu lado.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Texto quente como o sol!
ResponderExcluirMe fez lembrar Tondelli e Isabella Santacroce.
ResponderExcluirE a dissolução se emiscuindo em toda a cena.
Agora, tirando essa atmosfera totalmente noir decadentista, 5 homens para cada mulher????
Onde é mesmo o lugarejo???
Fetiches, voyeurismos, desejos incontroláveis, mil loucuras, noite fria como a neve, texto quente como o sol, atmosfera noir decadente, a busca pela sexualidade perfeita, o ó do borogodó, simplesmente magnífico.
ResponderExcluirMarie,
ResponderExcluirImaginei Lausanne quando escrevi.
Bípede e Maia,
Obrigado pelo incentivo.