segunda-feira, 5 de julho de 2010

Tal como uma pedra na minha cidade do cansaço

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Tal como uma pedra na minha cidade do cansaço
Corpo quase infinito e assim, quase liquido
São nítidas ou límpidas, as minhas palavras em silêncio.
Ainda assim
Da alma que tantas vezes imitei
Quase nada ficou.

Ferida a calma da árvore que na memória se semeou,
A minha memória resistente no grão de terra desaparecido
Assim se inicia o regresso da viagem
Da penúltima viagem

Se nem das folhas
Nem dos livros que li e rasguei,
Nada ficou

Das palavras incertas
Escritas no papel da minha carne,
De que vale a minha escrita
Nem da pele
Nem do mar que reli e risquei
Nada ficou.


Ricardo S.
21 Maio de 1993

|imagem Leonardo B.|

5 comentários:

  1. Leonardo, conheço o Ricardo B. :) Esse o meu poema favorito. Nunca poderei esquecer das palavras que se inscrevem no papel da carne.
    Muito muito lindo.

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  2. Belíssimo poema, salve, Leonardo!

    abraços,
    Tânia

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  3. Nossa... Que poema, Leonardo. Onde encontro mais de Ricardo S.? Ou por acaso Ricardo é Leonardo? :) Abraço, Nydia.

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  4. que lindo, Leonardo!
    As palavras são sempre límpidas no silêncio...

    abraço

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