JOSÉ, a revista de literatura, crítica & arte que durou apenas dez números, sendo que dois deles em apenas um volume. Saiu nas bancas em julho de 1976, em plena ebulição da tal da “abertura lenta e gradual” do regime do General Ernesto Geisel. Um Brasil diferente, estranho, que havia feito já as eleições de 1974, um bocado diferentes das imediatamente anteriores. Um Brasil que reiniciaria dentro em breve suas passeatas estudantis. Um Brasil que ainda estava um bocado traumatizado pela morte do Wladimir. Enfim, um Brasil sedento, desejoso de “um certo modo JOSÉ, de julgar, ler, escrever ou perguntar, repetida e compulsivamente, como no célebre poema do mesmo nome”, tal e qual dito por Gastão de Holanda no primeiro número da revista. Com dificuldades econômicas, no entanto, não conseguiu uma periodicidade regular, chegando a ter de editar dois números em um único volume (5 e 6 de dez/76) e vindo a fechar as portas, editando o número 10 em julho de 1978, dois anos após sua magnífica estréia. O número 9 saíra em dez/1977 e havia seis meses que os leitores e, principalmente, os assinantes clamavam pela continuidade. Com o falecimento de um dos grandes intelectuais e colaborador da revista, Otto Maria Carpeaux, o décimo número meio que a ele acabou dedicado. Infelizmente, pouco depois, os assinantes receberam uma singela carta informando o fim da empreitada, por absoluta falta de grana e excesso de dívidas. Não houve quem ali visse uma oportunidade editorial, uma janela de marqueting, um veículo moderno ou um nicho de mercado. Era um outro país.
Que pena que teve vida tão curta.
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