terça-feira, 29 de junho de 2010

PATATIVA DO ASSARÉ

O QUE MAIS DÓI

O que mais dói não é sofrer saudade
Do amor querido que se encontra ausente,
Nem a lembrança que o coração sente
Dos belos sonhos da primeira idade

Não é também a dura crueldade
Do falso amigo, quando engana a gente,
Nem os martírios de uma dor latente,
Quando a moléstia nosso corpo invade

O que mais dói e o peito nos oprime,
E nos revolta mais do que o próprio crime,
Não é perder da posição um grau.

É ver os votos de um país inteiro,
Desde o praciano ao camponês roceiro,
Para eleger um presidente mau.


Inspiração Nordestina, Patativa do Assaré, editora hedra, SP 2006, pg 198

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