terça-feira, 29 de junho de 2010

Nada de mais


                A divina comédia de não estar no meio do caminho. De não ser poeta, nem esperta e de ter de reeducar outra vez uma das pernas. Os ouvidos fartos de tantos sons. A boca cansada de tantas palavras. Ei, alô, o que é isso? Gente dizendo eu te amo e não te amo e perguntando você me ama e não me ama e o bem-me-quer, mal-me-quer de flores que nunca são colhidas. Você querendo apenas concentrar-se um pouco em si. Nada de mais. Mas também nem de menos. Um pouco de ar ou de infância. Um copo de leite fresco na ausência de um colo sólido. Um tapete mágico e macio nos tombos. Sentir-se menos exigida, entrando em férias de quem quer que habite em si. Talvez, uma imersão em uma sala escura de já demolido cinema. Da época em que, nas ruas, caminhavam feito irmãs a realidade e a harmonia.

2 comentários:

  1. De um jeito que, parece, só você sabe dizer.

    Acho que entendo isso. Se não for o que você quis dizer, ainda assim terei entendido. Sabe?

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  2. Compreendo na perfeição.
    O que você precisa mesmo é de náo precisar-se.
    Beijos
    GED

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