domingo, 20 de junho de 2010

O QUE É QUE SE FAZ A GENTE DESTA?

Saramago era 'populista extremista', afirma obituário no jornal do Vaticano
Artigo fez duras críticas ao escritor português morto na véspera aos 87 anos.
Romancista, em obras e declarações, era crítico feroz da Igreja Católica.




O jornal do Vaticano, 'L'Osservatore Romano', chamou o recém-falecido escritor português José Saramago de "populista extremista" em sua edição deste sábado (19).
O diário, em obituário, definiu o ganhador do prêmio Nobel de Literatura de 1998 como um homem de "ideologia antirreligiosa" e "ancorado no marxismo".
O título do artigo é "A onipotência (suposta) do narrador). Assinado por Claudio Toscani, ele relata a vida do romancista português.

"Foi um homem e um intelectual de nenhuma admissão metafísita, até o final ancorado em uma total confiança no materialismo histórico, ou marxismo", escreve.

O texto também cita o romance "O Evangenho segundo Jesus Cristo", qualificado de obra "irreverente".

O obituário acrescenta que Saramago "nunca deixou de ter uma incômoda simplicidade teológica".

"Um populista extremista como ele, que se encarregou de explicar o porquê do mal no mundo, deveria ter abordado em primeiro lugar o problema de todas as errôneas estruturas humanas, desde as histórico-políticas às sócio-econômicas, em vez de saltar direto ao plano metafísico", prossegue.

Finalmente, o texto assegura que Saramago não deveria ter culpado a "um Deus em que nunca acreditou, por via de sua onipotência, de sua onisciência e de sua oniclarividência.

Saramago sempre foi um crítico feroz da Igreja Católica, e recebeu muitas críticas após o lançamento de sua versão romanceada da história do Evangelho.

Depois de receber o Nobel em 1998, ele foi duramente criticado pelo Vaticano, mas reagiu dizendo que o verdadeiro escândalo não era a sua obras, mas sim a Inquisição.

11 comentários:

  1. Ged, pensei duas vezes se comentava essa postagem porque, assim como ontem, quando ouvi sobre essa manifestação do vaticano, senti-me enojada.
    O que dizer de uma instituição que apodreceu em vida, onde seus representantes seguem tentando sustentar-se em pilares enterrados até o topo na lama? Nem valem a indignação, eu bem sei.

    Saramago - para todo aquele que tiver olhos de ver - como ateu, foi melhor cristão do que eles todos juntos.

    um abraço pra ti

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  2. Ged: Muito bom este post. Mas, lembrando de tudo o que escreveu Saramago - pelo menos eu - nunca vi nenhum ataque feroz à Igreja. Ao contrário, Saramago é sempre sutil em seus comentários. Nunca ácido. E suas observações sobre a Santa Madre Igreja alcançam tão apenas a face falível dos homens, dos quais a IGreja está repleta. Nem mesmo no Evangelho segundo Jesus Cristo, escrito com brandura até, eu vejo um Saramago ofensivo. Bjs.

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  3. Gostaria apenas de deixar claro que minha indignação não é pela religiosidade dos cristãos, tampouco dos católicos especificamente, eu estou longe de ser ateia. Mas pela hipocrisia crescente, numa manifestação desnecessária(no obituário), com ares de deixar a última palavra sobre o assunto.
    Principalmente por vir de uma "instituição de homens falíveis" com tantas passagens de conduta duvidosa ao longo da história. E que ainda hoje insiste em acobertar suas falhas. Penso que ruim não é errar, mas errar e se afirmar perfeito.

    E concordo com o Paulo, a postura de Saramago foi sempre clara, firme em suas convicções, mas nunca agressiva.

    abraço

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  4. Nem tenho muito o que dizer. Andrea e Paulo estão com toda a razão e resumiram muito bem o que eu queria dizer. Faço minhas, pois, as palavras de ambos, se me permitirem.
    Uma ótima semana.
    Beijos.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Que os bons cristãos desse blog não se ofendam, mas eu tenho pavor de padre e de freira e muita vergonha da história da santa madre igreja sempre tão misturada com os assuntos financeiros e políticos do mundo, ameaçando e intimidando a criatividade e a liberdade, com seu deus onipotente e indiscreto, de punir todo e qualquer rebanho que ouse encarar os santificados lobos.

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  7. Caro Ged e todos do blog,

    Sou recém chegado aqui ao Mínimo Ajuste por indicação de Andrea de Godoy Neto. Somos seguidores mútuos (e agora também sou seguidor daqui) e ela escreveu há poucos minutos um comentário sobre uma postagem minha de um aforismo-desabafo sobre este tremendo absurdo que a "santa" Igreja Católica fez ao criticar e desqualificar Saramago ainda com as cerimônias de velório, traslado, cremação etc. nem findadas.

    Demonstra bem o que é a Igreja Católica. Infelizmente não só ela, pois é dela toda a origem.

    Como cheguei aqui por meio da Andrea, aproveito para sublinhar uma frase dela aqui no primeiro comentário, que adorei: "Saramago - para todo aquele que tiver olhos de ver - como ateu, foi melhor cristão do que eles todos juntos".

    Tive um avô que se dizia ateu, tinha traços de panteísta, mas foi o ser humano mais cristão que conheci. Esta frase fez com que lembrar dele, figura doce e sábia... também se foi há anos.

    Convido-os a irem até meu blog e a lerem a postagem intigulada PELICA. Leiam também os comentários e, em especial, o do Tonho.

    Ficaria feliz de tê-los como seguidores mútuos, pois aqui já estou.

    Grande abraço,

    Ivan Bueno
    blog: Empirismo Vernacular
    www.eng-ivanbueno.blogspot.com

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  8. Amigos; na minha modesta opinião, estamos gastando saliva com assunto que não o merece. Todos sabemos que, desde os primórdios, as religiões sempre foram instrumento de controle do Estado sobre a população. O mundo evoluiu, a população pensa e a informação se dissemina. Portanto, a religião perdeu seu papel de polícia e parece não se conformar com isso, principalmente esta igreja cuja sede e direção estão no Vaticano. Dos últimos dois mil anos (não é pouca coisa) apenas cem ou cento e cinquenta viram a Igreja separada do Estado. Isto é muito pouco, não chegando a dez por cento do tempo considerado.
    Independente disso, fomos criados na cultura Cristã, da caridade e dos Dez Mandamentos (tão simples, que se fossem seguidos não haveria necessidade sequer de Código Penal)e, portanto, temos enorme dificuldade de separar certas coisas. Fica muitas das vezes difícil de separar o padre e toda a corporação a que pertence do comportamento que devemos ter em sociedade (ou deveríamos ter).
    Quanto ao Saramago, subscrevo por completo o comentário do Paulo Amaral, muito lúcido e correto.

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