sábado, 3 de julho de 2010

Há que ser cruel toda a separação

 Andrea de Godoy Neto
Pele branca
Alma nua
Faca afiada
Palavra crua
Corte certeiro
Cratera da lua
Onde era um vulcão
Lava percorrendo os vãos
Mas, hoje não!
Hoje, a mão firme
A lâmina fria
A expressão cruel
Da palavra vazia
Hoje, não há vulcão
Nem lava percorrendo os vãos
Hoje, não!



[poema publicado no blog Olhar em Versos e Inversos]

10 comentários:

  1. A descrição de um momento agudo, Andrea. Incisivo. Definitivo. Ainda que outras águas venham e remodelem o momento.
    Abraços,
    Tânia

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  2. LIndo, preciso como o corte de um coração por um bisturi.

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  3. bem isso, Tânia, depois outras águas nos refazem, em novo molde, nos tornam a levar, mas esse momento é uma morte.

    abraço pra ti

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  4. obrigada, terráqueo! é mesmo essa a sensação, de um bisturi que corta a pele de cima a baixo.

    um abraço

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  5. Lindo demais Andrea... é mesmo assim, está tudo perfeitamente resumido nesses versos, umas separação, seja qual for. Adorei e vou te visitar!!!!

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  6. Prisca, grata pelas palavras. Há sempre alguma beleza na dor, nem que seja no que ela nos inspira, não é?

    um abraço pra ti

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  7. É realmente uma arte tirar da dor a beleza, nos deixa apaziguados como que mornando uma dor fervente que nos queima.


    Gostei muito!!

    ##

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  8. obrigada, Diego! Tem horas em que é tudo o que nos resta...achar a beleza no que nos consome, no que nos transforma.

    um abraço

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  9. Às vezes, uma separação é um alívio, pelo menos para uma das partes, que sai praticamente cantarolando. Parece duro, mas é a realidade.

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  10. Bípede, eu penso que quando é assim, esse é o ato da separação, mas o fato se deu em algum outro momento, aquele da percepção de que o que era deixou de ser. Neste, sempre há dor, se não pelo outro, por si próprio que se depara com a necessidade da mudança. quando o ato da seperação é um alívio, é porque o fato já estava consumado, e neste, sempre perdemos um pedaço.

    beijos

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