domingo, 31 de outubro de 2010

Xeque-Viva


                 Não tenho culpa de jogar sobre ti o manto do meu ofício e de te perseguir feito um faminto, eu que não tenho  forma e flutuo e  que faço do teu corpo um nada, que tirá-lo não me sacia ou ilude, que as ilusões são tuas, e elas são tão frágeis quanto o teu esconderijo, porque, se quero, te vejo e, se quero, te levo e te bebo e te martirizo ou poupo ou poderia, mas tu aguças a minha admiração, e a minha admiração acorda a minha inveja, que me consome com sua gosma e me ordena que te massacre, que ela é impetuosa e conta os nós em um rosário de ódios e te quer, oh, moça, e te quer do avesso, amputada, podre e com vida.

3 comentários:

  1. Dizem mesmo...
    que a inveja...é má...
    que não não existe inveja inocente...
    ela é assim...não sossega...
    enquanto não acabar com seu alvo...

    Quantos passos existem...
    entre a admiração e a inveja...!?
    ...poucos...bem poucos...

    Beijos
    Leca

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  2. Leca, também acho que o percurso é pequeno entre uma e outra e, por isso, sempre perigoso.
    beijos

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  3. O manto do oficio as vezer è cruel, ha que ter bom olho pra ver como se joga.

    Um abrazo

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