sábado, 23 de outubro de 2010

Plantando lembranças.



"Aqui onde muito se posta e pouco se lê, venho dar um pitaco de como foi sair de casa pela primeira vez. Espero que gostem!"


Antes de sair de casa por um longo período de tempo certifique-se de ter algumas coisas para perceber o tempo passar, para quando voltar perceber mudanças, perceber que se você não mudou algo se responsabilizou pelo devir. É importante que se tenha em mente que a mudança em si não é tão importante, importante sim é o crescimento, o desenvolvimento. Tenha alguém para se despedir, plante trepadeiras, deixe um amor já comprometido, crie animais, tire fotos, escreva textos e os guarde e não apague nomes na lista de contatos do celular. Se despeça de alguém para poder ser recebido quando voltar, olhe a cidade que você deixou, seja sensível ao que não é mais. Pegue o celular e ligue para os velhos amigo para perguntar como andam os velhos bares, saia em busca das novas bandas, novas músicas, conte o que aprendeu e repare. Tente medir a diferença que existe dentro deles, comparar as contradições dos pensamentos de outrora. Olhe o seu animal, como ele engordou ou emagreceu, como o pêlo está, os olhos amorosos, olhe os dentes maiores, passe as mãos nas patas e veja que já estão grandes, procure o primeiro pêlo branco. Procure o primeiro traço branco em você, nos amigos, na familia, nas fotos e nos textos já escritos. Veja nos textos o que é velho e precisa ser mudado, o que é velho e mantém o estilo, o que é velho mais ainda é verdade, mude o que acha que merece desaparecer. Reescreva, se a diferença é pequena, releia você mesmo. No final olhe a trepadeira, veja como ela se desenrola e se enrola, se prende; veja se você está mais preso ao “muro” ou as “raizes”. Por último, converse com aquele amor impossível e confirme se é mesmo impossível, se já evoluiu para um talvez, coloque no papel e guarde, assim você pode ir a novos locais e tentar algo a mais. Feito tudo isso, compre a passagem de volta, ou de ida, só depende de você, de onde você quer sua raiz. Boa sorte.


Arthur Sunhog Orsi


4 comentários:

  1. Lindíssimo, Arthur!
    Lindissimo!
    Ah, vontade de assinar embaixo, junto com você...
    Abraço

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  2. "seja sensível ao que não é mais" Bravo, Arthur. Palavras intensas, íntegras, de uma noção incrível, nos alertam a perceber os lados, atrás e à frente. 'Ouvir' quando alguém nos fala e usar de empatia por interiorizar o que nos está sendo dito. Nunca ’congelar’ outros para sempre, mas entender que somos mutantes e lá adiante quando um reencontro perceber como nós e o outro já somos diferentes e podemos até nos reapresentar com o ‘novo’ numa troca de ‘figurinhas’*risos*. Encantou-me seu texto. Assino em baixo e já o copiei para se permitir postar lá na minha Casa. Aguardo sua autorização.
    Com amor e carinho,
    Sílvia

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  3. Olá Zélia e Sílvia, mto obrigado por lerem o post. Sílvia pode sim colocar no seu blog, só peço que coloque meu nome e meu blog www.finaisinacabados.wordpress.com

    até mais

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  4. Muito bom, Arthur! A gente tem de levar a raiz do homem e não do lugar em que nasceu. A raiz tem de ser a gente para que sejamos capaz de crescer e dar frutos em qualquer lugar.
    beijos.
    Estava com saudades!!
    Bípede Falante

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