sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Na biblioteca





 


O que não pode ser dito guarda um silêncio
 feito de primeiras palavras diante do poema,
  que chega sempre demasiadamente tarde,
quando já a incerteza e o medo
 se consomem em metros alexandrinos.
Na biblioteca, em cada livro, em cada página sobre si recolhida,
às horas mortas em que a casa se recolheu também
virada para o lado de dentro,
 as palavras dormem talvez,
sílaba a sílaba, o sono cego que dormiram as coisas
antes da chegada dos deuses.
Aí, onde não alcançam nem o poeta nem a leitura,
o poema está só.
E, incapaz de suportar sozinho a vida, canta.

10 comentários:

  1. O poema ficou só...
    Culpa do escritor que deixo o silêncio de lado para falar...

    Abraço,
    do Felipe.

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    1. Será que a "culpa" é mesmo do poeta?
      Será que o poema existiria sem o poeta, Felipe?

      um abraço, e obrigada pela visita!

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  2. Doze sílabas aqui...seis acolá...porque o poema é livre...masi que os deuses...mais que o homem...
    Bj
    BShell

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    1. Bom te ver por aqui, Blue Shell!
      Obrigada pelo comentário.

      Bj

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  3. Inventei a ironia numa toada de vento
    Roubei as asas a uma gaivota azul
    Colei-lhes um poema cheio de penas
    E enviei-o para uma tonta do sul

    Inventei um mar numa bola de sabão
    Roubei uma corda forte e boa
    Atei um rol de mágoa à mesma
    E afoguei-as nas águas de uma lagoa

    Bom fim de semana


    Doce beijo

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    1. Muitas vezes o poeta necessita "afogar" alguma coisa para
      que o poema possa emergir!
      Belo poema!

      Bom fim de semana, Profeta!

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  4. O silêncio é sábio, as vezes delator

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  5. Cantar é sempre um consolo para quem está só.
    Mas o canto do poema costuma ser mais que um consolo
    para quem o lê.

    Beijo, Ci.

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    1. O cantar de um poema pode nos levar para muito além,
      dissipando as nuvens pesadas que às vezes se nos avizinham
      não é, Dade?

      beijos

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