O poema é solitário
Paul Célan
Desenho de Ana Hatherly
O pequeno gesto de um poema
pode abrir uma perspectiva infinita?
Quantas vezes será preciso
bater com a cabeça
para vislumbrar a graça original?
Tudo o que podemos não podemos
Tudo o que fazemos não o fazemos sós
A palavra é um duro muro:
não se move a suplicantes rogos
O poema isola o poeta
afirma-se à margem de si próprio
***
Os poemas são uma peregrinação
uma crença
que impele o poeta ao corpo a corpo
com o abismo que o cerca
A batalha é infinita
assenta no interesse do acaso
do ocaso
dos infinitos mortos
em cujos ombros subimos
incansáveis
Qual é o prazer do caminhante
senão
o de encontrar a invisível ponte
a ambição de ousar?
A nostalgia é um erro da paixão
O poema é um rio de vozes (grifo meu).
Ana Hatherly, Porto (1929- ), em O pavão negro, 2003.
Sopro-te
ResponderExcluire voo
Sentí a leveza de teu sopro, Mar Arável, obrigada pela
Excluirsuavidade do voo!
nos ares :)
Olá gostei muito do seu blog e já aderi!
ResponderExcluirSe quiser visitar o meu espaço e espreitar o k escrevo aqui fica o endereço!
http://lualibra.blogspot.pt/
Sarah
Sarah, obrigada pela visita e pela adesão. O blog é uma criação coletiva, seja bem vinda!
Excluirum abraço
maravilloso
ResponderExcluirbeijo*
Que bom que você gostou, Sílvia.
ExcluirObrigada pela visita!
beijo
Ci, ah! As tuas escolhas! Ana Hatherly é maravilhosa.
ResponderExcluirParabéns por fazer uma "ciranda" com poemas que refletem sobre a própria escrita.
Deixo outro de Eugénio de Andrade:
HAVIA
Havia
uma palavra
no escuro.
Minúscula. Ignorada.
Martelava no escuro.
martelava
no chão da água.
Do fundo do tempo,
martelava.
Contra o muro.
Uma palavra.
No escuro.
Que me chamava.
beijo,
Incrível, José Carlos!
ExcluirEugênio de Andrade também é maravilhoso!
Ah, esses poetas! Me deixam louca, doidinha pra escutar
também o som desse martelo :))
obrigada!
um beijo
Uma beleza sem fim, Cirandeira.
ResponderExcluirBjs
E então, Dade. Você faz parte dessa beleza sem fim!!!
Excluirum beijo