Navio
por Eliana Mara Chiossi
Deixar a casa
para não levá-la nas costas
Deixar a casa
como se houvesse um
terremoto e houvesse pressa
Deixar a casa
como se fosse algum incêndio.
para não levá-la nas costas
Deixar a casa
como se houvesse um
terremoto e houvesse pressa
Deixar a casa
como se fosse algum incêndio.
É assim que se sente ela,
perdida entre os móveis e os utensílios
numa casa grande demais,
repleta de quartos inúteis
e cômodos repletos de coisas inúteis.
perdida entre os móveis e os utensílios
numa casa grande demais,
repleta de quartos inúteis
e cômodos repletos de coisas inúteis.
A casa é um navio
parado no oceano
alimento da pergunta
daqueles que estão na praia
olhando e esperando
que algo aconteça
e a casa se mova.
parado no oceano
alimento da pergunta
daqueles que estão na praia
olhando e esperando
que algo aconteça
e a casa se mova.
A casa é um chão de areia
Onde estão espalhadas
As coisas inúteis e amadas
Como os vasos de flores
A coleção de fotos
As músicas e os vestidos.
Deixar a casa
como quem deixa o passado
e os livros, os incontáveis livros
com as milhares de histórias
até que seja contada a história
como quem deixa o passado
e os livros, os incontáveis livros
com as milhares de histórias
até que seja contada a história
em que ela deixa a casa
para não esquecer de encontrar sua alma.
para não esquecer de encontrar sua alma.
Às vezes é preciso deixar a casca e a casa para ter um lar.
ResponderExcluirBonito o seu poema, Eliana.
Inteligente como você.
beijoss :)
Bípede, não podemos deixar 2012 antes de nos vermos!
ResponderExcluirBeijos