Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
(Vinícius de Moraes)
Um dos poemas de Vinicius que mais gosto. Já chorei muito com ele, quando sabia chorar...rs Mas continuo achando um dos mais belos.
ResponderExcluire não sabe mais?
ResponderExcluireu estou aprendendo!
beijoss
Não sei mais. Ou talvez as lágrimas saiam pelos poros...rs
ResponderExcluirBeijos,
Pois eu choro, sou uma chorona de carteirinha :)
ResponderExcluirO grande poema épico que é a vida, não me dá outra escolha, a não
ser misturar, de vez em quando, com umas boas risadas. Mas choro mais do que rios de alegrias!!!
beijos
Vinicius... ninguem expoe o amor tao bem como ele... lindo o poema...
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