domingo, 11 de novembro de 2012

Rupestre africano



Trago-lhe a marca mais tensa
Guardo-lhe o rastro mais puro;
Nos passos do tempo que me segue, me pensa,
Me sonha, me fita do escuro,
 
Agita-se, treme; alguém que ocupei
E agora me ocupa; de quem transbordei
E agora transbordo; alguém cujos passos
(Nas lajes do tempo ressoam tão lassos)
 
Me calam, me pungem; a quem, musical,
Acorda me prende, eterna, umbilical,
Sem arco que a fira nem força que a parta:
Nos largos do espaço a sós nos arrasta
 
A morte - somente
Retorno a teu ventre.
 
 
Mário Faustino, em O homem e sua hora - Teresina(PI), 1930-1962


2 comentários:

  1. Ci, tanto drama nos move...

    A gente sai de um ventre nem sempre seguro e acaba sem direção, sem saber de si, dos outros, só da vida, a vida tão mais rápida que nossos corações...

    beijoss

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  2. Esse Mário Faustino pigmentou minha pele. Poeta não deixa de existir, que bom, a gente vai encontrando um a um em algum tempo. Gostei como se o quisesse pra mim. Como se pudesse ter saído de mim.

    Beijos, Ci.

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