quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Afinal, votar em quem ?

Este período que vem antecedendo as eleições de domingo próximo termina por ensinar várias lições. Lições antigas, mas nunca antes absorvidas em tempos de sufrágio. Num país acostumado à pouca popularidade de seus presidentes anteriores, a maior parte dos candidatos se “encostaram” na imagem do Lula, utilizando todos os meios possíveis, dos santinhos aos vídeos na TV, para angariar votos pelo efeito de osmose. Para os candidatos da situação isso ajudou. E muito. Para os de oposição foi um desastre facilmente previsível, mas que políticos oportunistas desdenhavam em seus discursos vazios. E tem sido assim que o eleitor, driblando a hipocrisia dos partidos, de suas coligações e de seus fisiologismos, dá sua resposta nas pesquisas. É por isso, por exemplo, que a Marina Silva subiu e o Serra baixou. A Marina pode ter um discurso ingênuo como o de uma freira, mas apresenta credibilidade em suas aparições, e fala coisas novas. O Serra pode ter a melhor das boas vontades, pode ser honesto e competente - como creio que seja -, mas não assumiu o discurso que lhe cabia: o discurso da oposição. O Brasil de hoje não tem mais oposição, e aqueles que a fazem sistematicamente sem apresentar propostas, são os mesmos que, ao mesmo tempo, na perspectiva confortável de conseguir votos a partir da popularidade do Lula, não se posicionam. Uma análise brilhante e bem concreta sobre este assunto foi feita pelo pensador e cientista político Demétrio Magnoli, há poucos dias num programa chamado Roda Viva. Ele dizia que em vez de Serra ressaltar que o Real foi cria do PSDB do Fernando Henrique, preferiu sublinhar que, se eleito for, vai dar continuidade aos programas do atual governo, tais como o bolsa-família, o bolsa-creche, o bolsa-não-sei-mais-o-quê... Ora, o eleitor deve pensar o seguinte: se o cara não tem mais nada a apresentar de novidade, e apenas vai dar continuidade ao que aí está, por que razão vou votar nele ? Prefiro um pássaro na mão a “meio” voando. A única chance concreta de que este discurso pudesse dar certo seria se ele viesse de alguém mais bonito do que o Lula, alguém mais sedutor, pelo menos. Mas, neste caso, o Serra, que é um homem que não ri, sempre naquela camisa azul de campanha, e nem um pouco sedutor, está longe de cativar votos. As pesquisas mostram no que está dando esta estratégia burra de campanha. Já vou dizendo que o meu voto é de Serra, mas que ele tem errado, ah, isso tem.

2 comentários:

  1. Prezado Paulo, eu também vou de Serra. Considerando que, conforme dados do TSE, metade do eleitorado brasileiro ou é analfabeta ou semi analfabeta e que nosso Brasil é sim um país carente e que precisa, com urgência, de política de inclusão social e melhoria de vida da população de baixa renda (a quem interessa a pobreza, a miséria, a alienação do povo brasileiro?) qualquer bolsa família, qualquer esmola, qualquer política assistencialista é suficiente para que o governante de plantão vire uma espécie de deus. É o que acontece com o nosso pop presidente Lula. Mas nem ele -- e nem o PT e, muito menos Dilma -- tem o monopólio da boa moral e da boa vontade. Outros podem fazer isso e muito melhor e não apelando apenas para o assistencialismo e políticas eleitoreiras. Não adiante apenas dar o peixe é também necessário que se ensine a pescar. E o povo brasileiro, sobretudo das regiões mais carentes, precisa aprender a pescar! Outro ponto que considero importante para não votar na Dilma e no PT é essa insistência de não se admitir a crítica da grande mídia e tentar implantar aqui algo que não existe em nenhum país socialmente desenvolvido: o chamado "controle social da mídia". Vamos de Serra ou Marina para o segundo turno.

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  2. Eu continuo tendo apenas candidatos para deputados federal e estadual. Que desolação!

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