quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Collocation‏

Amigos, Achei um artigo interessante que mostra a diferença que existe entre o português e o inglês na formação de algumas expressões comuns. Nosso Luiz Costa Pereira Junior traz uma observação muito interessante,  embora mostre um viés patriótico pelo português (veja recorte anexo). Ele poderia ter destacado expressões e preposições em que a língua  inglesa é mais expressiva ou carinhosa. Mas ele deu uma idéia - vamos começar a prestar atenção. Espero que gostem.
Collocation‏
Saber qual palavra combina com outra é um grande obstáculo no aprendizado de um idioma. Pois a combinatória lexical revela o horizonte do mundo de uma língua.
Em português, por exemplo, "prestamos" atenção, como quem fornece um serviço, um préstimo, uma prestação de contas. O inglês "paga" atenção (pay attention), como se comprasse.
Brasileiros e portugueses "tomam" café da manhã, lembra a gramática Maria Helena de Moura Neves. Eles o engolem, protegem-no para que o outro não o pegue - a fome incorporada os espreita? Já os saxões "têm" café da manhã (have breakfast e não take breakfast), consideram-no uma propriedade valiosa. Em português, completa Jean Lauand, nós "fazemos" um cheque ou "compomos" uma canção, enquanto o falante do idioma inglês, pragmático, "escreve" (write) o cheque e a canção.
O cuidado com outro pode não ser premissa da visão de mundo em inglês, se pesar só o idioma. O falante de português lembra a lingüista argentina Ivonne Bordelois, sonha "com", acompanha a cena ou pessoa, a seu lado. O de língua inglesa sonha “a respeito de" (to dream of), um pensar mais indiferente, num "cada um por si" da linguagem. Os gringos pensam "sobre" (think of), atitude desconfiada de quem encara tudo como de antemão estranho.
Em situações sociais, nós "apresentamos" um amigo, nós o oferecemos, presenteamos ao outro. O que é meu é seu também. Eles "introduzem" (introduce), largam o cara entre desconhecidos.
Em quaisquer desses casos, não tendo a competência natural para saber qual palavra de fato é "colocável" ao lado de outra, sente-se o fosso entre culturas. No contato direto, o estrangeiro percebe que algo mais lhe escapa.
Autor: Luiz Costa Pereira Junior
Luizcosta@editorasegmentos.com.br
http://www.seguranotexto.blogspot.com/
Sem palavras,
Sílvia

3 comentários:

  1. (nesta coisa de entrar pela casa dos outros)
    Atenção ao melindre, à circunstância, que é sempre bem estar de bom humor, anotar o cumprimento, a cortesia, a boa educação, pedir licença para ser autorizado a dizer estou aqui, senão é-se vetado, votado ao ostracismo, fechado numa ostra a cadeado e logo uma cadeia de inimigos nos aponta o dedo e fica-se mal visto – o que é muito pior do que mal vestido –, de nada adiantando ficar-se mal disposto; por consequência, tudo o que vier de si é realmente extraordinário, você é sublime, a sua imagem assombrosa, bom dia, minha querida, caro senhor, prezado amigo, muito inteligente, genial, prodigioso, um bom fim-de-semana, bom Natal, Páscoa feliz, próspero Ano Novo.

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  2. C. Jorge F e Bípede, ao ler essa matéria pensei num livro que li anos atrás:"-O CORPO FALA." Cada vez mais estou convicta da necessidade de imagem junto à palavra. Do ser humano 'estar' presente para ser re-conhecido de fato. Penso que o LuizCosta atingiu seu objetivo: "Homens prestem mais atenção ao próximo!"
    com carinho,
    Sílvia

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