segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Se não despencassem tanto as letras




Se...

Não despencassem tanto as letras
do olhar das palavras, 
seria ela capaz de juntar as frases
e de esquecer as linhas 
retas de réguas e de centímetros
imponderáveis em longas distâncias.

Se...

Não andassem tão velozes os dedos, 
poderia ela amaciar
o toque sobre o teclado
e diminuir o ruído da chuva 
e identificar os ruídos dementes do coração.

Se...

Não se quebrasse tanto a escrita
e dela não surgissem tantos trechos 
e tantas personagens,
tingiria ela de vermelho 
o que se esconde no preto no branco
da pele encharcada de amor.

Um comentário:

  1. Se. Adoro o "Se". E escrevi lá no Bípede: "Na condicional revelamos as águas represadas (mas abundandes) da alma. Um poema que, sem fazer rumor, promete uma inundação a qualquer hora. Com a tua marca. Singular. Sinuoso e belo."
    Beijos outra vez

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