sábado, 20 de outubro de 2012

Em casa



Imagem sem nome de autor.

No interior da casa
o que está dentro de tudo ressuscita
e inicia um canto novo a cada instante.

Não é verdade que as coisas acontecem sempre iguais
porque as palavras mudam e a cor das folhas muda
o pássaro de cada dia
pousado no beiral.

Dentro da casa há mergulhos na noite
estradas imaginárias e o vazio
que às vezes se percorre como quem volta do exílio
e já não sabe onde deixou o livro interrompido
nem mais se lembra do instante decisivo
dos pontos religados pelos olhos
aquele que decide o que não pode se chamar destino.

Dentro das mãos
o tempo rasga o interior das coisas.

3 comentários:

  1. Muito bom ouvir sobre a casa interior, Dade. Bom te ler sempre.
    Beijos,

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  2. Lendo esse teu tão aconchegante e belo poema sentí-me tão à vontade,
    que inevitavelmente re-percorrí todos os cômodos de minha casa a ver
    o estado atual de sua pintura, porque às vezes, ficamos mal acostumadas e nem percebemos a ação do tempo que tudo transforma!
    Belíssimo poema, Dade!

    beijoss

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  3. Me emocionei demais com esse poema... tenho andado assim... como quem volta do exilio...

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