sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O muro nosso de cada dia

Pessoas são como muros.
Pequenos, lembram muradas de casas de praia, ou cidades do interior. Baixas, pequenas, simpáticas. São muros, sim, mas quase acolhedores. Tudo pode ser vistos e descoberto por cima deles. Não comportam portões, são um convite para as pessoas entrarem, sem muito acanhamento. E ainda assim, parecem uma forte proteção. Definem os limites de espaço, aquilo que pode ou não ser invadido.
Quando pequenos, pequenas muradas protegem. E formam uma insegura sensação de proteção. Confortante. E confortável.
E a vida passa. E essas muradas, que já não são mais tão baixas, começam a ser modificadas. O vento vai batendo. Areia, maresia, chuva. E muito sol. Em alguns casos, a murada cresce, se transforma em um pequeno muro. Ainda baixo, é verdade. Mas já não tão simpático.
Portões, mais cimento, arame farpado. Pichações.
Pessoas, são como muros.
Ao longo da vida, criam suas próprias formas de se proteger, proteger seus espaços internos, pensamentos. Sua alma. Tornarem-se menos expostas, menos devassáveis, menos transparentes ou evidentes. Mostrarem menos do terreno e mais do que o guarda.
Pessoas sinalizam cachorros e câmeras de segurança que nunca existiram, só para afastar outras pessoas. Por que fica cada vez mais difícil mostrar o que, realmente, se é. Mostrar como, realmente, se pensa. Cada vez, é mais fácil mostrar o que os outros pedem para ver, do que a verdadeira vulnerabilidade que se encerra atrás de uma fachada. Quanto mais o tempo passa. Mais as pessoas transformam seus muros em fortalezas de seguranças.
Pessoas, são como muros. Mas seus muros, são bem mais difíceis de demolir. E acompanham o proprietário... mesmo quando ele vende a casa.

5 comentários:

  1. Fantástico!

    Eu diria que nos tornamos muros, tamanha a exposição e o grande Big Brother que se formou no mundo. Os sites de relacionamento vendem perfis, câmeras nos cercam etc... Não sobrará um ser que não se proteja! se conseguir.

    Beijos

    Mirze

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  2. Criamos muros internos também, que nos impedem
    de nos vermos, e às vezes ficamos petrificados
    como gelo, mas como existe o calor acabamos
    desmoranando em rios, cachoeiras que poderão
    renovar-se. Ou não. :)

    beijos, Fernanda

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  3. Que legal a analogia!

    Eu acho que sou muro médio com grades que possibilitam a visão e com um portão largo que abro com carinho pra quem gosto.

    =*

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  4. Certo,é uma grande verdade, muito bem metaforizada.

    Lembranças

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  5. Adoro as metáforas, especialmente pela sensibilidade de como são recebidas por quem as lê. Obrigada pelos carinhosos comentários.
    Um beijo, e ótimo final de semana, a vocês.

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