segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O Troco



Releio Kafka. Fazia tempo que não lia Kafka. Ele nunca esteve tão atual. É exatamente isso o que caracteriza um grande escritor, ele não tem tempo, ele pode ser lido em qualquer época.

A nossa vida é kafkiana, absolutamente kafkiana.

Semana passada precisei de moeda para  o parquímetro que fica  em frente a loja onde pretendia  atualizar meu chip para acessar a internet na praia. Como a geringonça não aceita dinheiro de papel tive de trocar  uma nota de 2 por duas moedas de 1. Que dificuldade.

Ninguém tinha troco, nem mesmo o vendedor de cachorro quente da esquina, muito menos o pessoal da grande e iluminada loja de celular. Eles não trabalham com moedas.

Ao lado,  um  quiosque movimentado do Macdonald's e a mocinha, um tanto desinteressada com a minha presença, disse que não tinha troco. Impossível você não ter troco, disse a ela. Ela nem me respondeu. Peguei uma água mineral de copinho e perguntei, quanto custa?

Secamente ela me disse, olhando para os lados, que não podia vender a mineral sozinha, apenas se eu comprasse uma casquinha. Tudo bem,  compro o sorvete, mas levo apenas a mineral e apresentei uma nota de 10. O senhor não tem menos?

Não.   Brava, muito brava ela me deu o troco e levei a mineral que estava quente naquela manhã mormacenta.

Antes de chegar no carro, passei pelo vendedor de cachorro quente e disse a ele: a única forma de se trocar dinheiro por aqui  é comprando.

Depois dessa pequena e insignificante "saga"  me encaminhei para a loja de celular, onde fiquei esperando 40 minutos para ser atendido.

3 comentários:

  1. Bárbaro, esse texto!

    Na verdade não existe mais troco em moedas. Só nos cofrinhos que existem em todos os tamanhos e cores etc... onde os avôs estimulam os netos a untar dinheiro. (ODEIO ISSO)

    Parabéns Carlos Eduardo!

    Beijos

    Mirze

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  2. o bom dos bons autores é que eles são atemporais...
    que saga eim. que dificuldade
    poxa vida ;o
    beijos

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  3. Parabéns pelo blog! É o Brasil, meu amigo! Não muda, entra ano, sai ano! E aí é que está a graça e nem existe igual em nenhum outro lugar no mundo! O mundo tupiniquim é único!Já estou te seguindo e ficaria muito feliz se me visitasse e seguisse também! Feliz 2012!
    Bjo no coração!
    Elaine Averbuch Neves
    http://elaine-dedentroprafora.blogspot.com/

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