(Imagem: Marcantonio com uma interferência de Cris de
Souza permitida pelo autor)
Noturna mente
Noite de verão e o clima é
de invasão. De atenção. De audição. A ausência reveste o cenário na arte dos
negros ensaios. Tablado de emblemas, vultuosas cenas sustetam as superfícies
porosas, dão sombra às sobras. Noite sem elo. Sem castelo. Sem paralelo. Ruídos
fazem frente ao roteiro das perdas - que desmontam nas mãos esquerdas. Corre o
grito no corredor, num gesto exasperado de dor. O ato aflige até as falanges do
timbre. Noite dos tamancos. Dos barrancos. Dos trancos. Caveiras arrastam
cadeiras - zombando de mil maneiras – sobre o drama que se encena na alma e a
mente que apresenta seus ossos. Já pelas tantas, o nó que embarga a garganta
-faz sala- se esgarça no seio da vala. Noite sem rua. Sem grua. Sem lua. De
calo em calo vultos cortam os passos, encarnam o negrume dos cacos oportunos que
se rasgam na pele dos cantos soturnos. Noite de fundo. De bumbo. De chumbo.
Desfigurando as cortinas das faces, no pseudo silêncio do mundo.
(Cris de Souza)
Belas imagens, Cris. Pra mim, a solidão de um pianista num teatro vazio depois do ensaio. Um paralelo entre o vazio do teatro e da alma. Solidão. Um beijo.
ResponderExcluirDescrição lírica maravilhosa...
ResponderExcluirimaginei a noite
Beijinho carinhoso, moça poeta!
ImpressionanImpressionante como conseguimos, através da imaginação, transfigurar o real. Gostei
ResponderExcluirBj
desfilas em cascatas, saltas, altas elucubrações
ResponderExcluirbeijo
Maravilha de imagens, Cris! Amei...
ResponderExcluirBeijos,
Imagens incríveis, poema em prosa.
ResponderExcluirNão sei por que exatamente,mas me fez lembrar da tragédia aqui no Rio de Janeiro.
Beijo beijo.
que belo, Cris! a fluência do texto e as imagens, tornam a leitura deliciosa, a transfigurar negrumes e transfixar imagens na imaginação do leitor.
ResponderExcluirum beijo.
A oposição entre a noite de verão e as imagens seguintes dão um efeito inesperado pro texto.
ResponderExcluirAbraços!
Se é noite dos tamancos e caveiras arrastam cadeiras... só boas surpresas podem aguardar nessa leitura de Cris Souza!... prosapoética/poéticaprosa! beijo.
ResponderExcluirQue texto maravilhoso, Cris!
ResponderExcluirSombrio, poéticamente perturbador, com belas imagens.
Grande abraço e sucesso!
Cris, que diferente! Leio quase como quem encontra um segredo ou cai dentro de um sonho de outro alguém. Há mistério, há busca e há fuga.
ResponderExcluirGostei :)
beijoss