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«felizes aqueles
a terra toda por alimento
toda a fome por caminho»
Bénedicte Houart
assim sendo
vai
não te detenhas!
se todos os dias de teus lábios nascem muros
mares quebrantos, mil lugares santos
profanados,
se de luzeiros por cada mão
trazes desertos por cada dia mais escuros
e se sobejos de anjo por cada passo
um mapa mundo mal traçado,
então
vai.
não te detenhas
se de teus reinos e ruínas
pouco resta,
se de incerto se faz o passo ao caminho
que não te alimenta, não mais
raiz ou beira,
se desse céu sem relevo
terra barrenta, deserta voz, incerto cais
mas nunca um mar,
então
vai,
faz da tinta o rosto
arroio, chuva salgada as pontas soltas
e por vento travessão um pouco de asa,
vai
e faz da fraga mundo
e do corpo a casa
e das cidades invisíveis, guarda da pedra
frágil, parideira
o sopro lento, lenho cinza tão constante e
vai
não te detenhas
Janeiro 24, 2012
[breve aparte: inédito, editado em simultâneo na A Barca dos Amantes]
[imagem: reprodução de (?), André Petterson]
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Amigo querido, acabei de te ler e comentar lá na Barca, em enlevo. Não podes parar de escrever, é teu destino, é nosso êxtase.
ResponderExcluirBeijos,
DIVINO!
ResponderExcluirBeijos
Mirze
Como não atender a essa "convocação" a um tempo provocadora, instingante, desafiadora, em outro tão
ResponderExcluirbela e sobretudo poética? Em sendo assim temos que
prosseguir nessa viagem ad infinitum acompanhando o
cantar do poeta!
beijos, Leonardo
...e o que faíamos sem esta 'abertura' no coração por onde pode passar tua Poesia?
ResponderExcluirnada.
beijos da El
Não te desenhas nem te apagas, vais contornando os traços invisíveis, a poesia completa da essência sempre à flor da alma. Adoro a tua poesia, Leonardo B.!
ResponderExcluirBeijoss
Leonardo,
ResponderExcluirRitmo encantatório. Litania das melhores.
Um abraço!